Cotidiano Gestão de Pessoas

O Cego, O Ignorante e O Aprendiz

Estudando sobre o tema “Você sabe aprender?” fiz descobertas interessantes. A primeira delas é justamente o fato da primeira fase do ‘você sabe aprender’, não ser a do não saber, e sim do cego, aquele sujeito que sequer sabe que precisa ver algo.

Eles são abundantes no nosso mundo e dialogar com pessoas assim requer um talento adicional e um estômago de aço. Eles sequer pensam sobre o assunto, haja vista que desconhecem completamente sua inabilidade e falta de preparo. Como assumir a responsabilidade em aumentar a sua competência se o cego não enxerga nada a acrescentar? Já o ignorante, ele reconhece um certo desconforto em sua competência e já percebe que existem lacunas em branco que precisam ser preenchidas.

Ele pode buscar ajuda ou continuar na mediocridade, porque para alguns, pensar cansa. Imagina só: observar, explicar, entender, resumir, comparar, analisar, medir, focar, concluir, calcular… nossa, dá um trabalhão! Já o aprendiz, ele ultrapassa a mediocridade em busca de novos saberes. Ele não se recrimina nem coloca a culpa nos outros, ele vai além em busca de novas experiências, reconhecendo que errará algumas vezes, mas como dizem alguns especialistas, ele errará diferente, pois terá a percepção do que está fazendo e saberá reconhecer as possibilidades e os caminhos possíveis.

O descompasso que tenho visto entre o que as empresas estão divulgando em seus sites, blogs e mídias em geral, com a falta de sincronismo entre os profissionais que habitam estas empresas é abissal. Uma questão é o que a empresa deseja para si, divulga e valoriza como meta, valores e missão, outra, é a prática destes profissionais que parecem não entender direito essas importâncias. A questão crítica (na minha visão) é mais comportamental que técnica. São pessoas desprovidas mesmo de entusiasmo, curiosidade e principalmente, humildade. Aquela cena do sujeito arregaçando as mangas e tendo prazer e responsabilidade no seu ofício está cada vez mais rara. Aquele sujeito que mesmo não resolvendo de pronto sua querela, com certeza, está em busca de soluções consistentes. Não utiliza vícios de linguagem e nem responde protocolarmente.

É aquele sujeito que enxerga as consequências do serviço ineficiente, e também por isto, se compromete quando é colocado no circuito. Como dizia meu avô: “ Ana, se você precisar de ajuda no seu ofício, peça para a pessoa mais ocupada, pois certamente ela terá tempo e disposição. Os desocupados nunca tem tempo.” Se eu fosse uma gestora que contratasse, a resposta de maior importância para mim seria da pergunta – Você sabe aprender? Porque aprender, é verbo que devemos conjugar até o último dia das nossas vidas, sob pena de morrermos antes do tempo. Finalizo no dizer de Cora Coralina: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” pois só assim, com educação e aprendizado, é que poderemos esperar resultados satisfatórios além da mediocridade.

“Não basta estar ocupado, as formigas também vivem ocupadas. A questão é saber com o que você se ocupa.” (Henry David Thoreau)

 

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Ana Luiza Alves Lima

Nascida em Santos, São Paulo, Brasil. Advogada e Consultora na Gestão de Pessoas em São Paulo – SP, Brasil. Formação: Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Santos (UniSantos-SP); Pós-graduado em Gestão de Seguros (Fundação Getúlio Vargas – FGV-SP); Consultora do Serviço Nacional do Comércio (SENAC para cursos livres e de pós graduação) e Administração de Recursos Humanos, pelo SENAC/SP. Membro da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo e da Associação dos Advogados de São Paulo.

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