Os museus interativos têm apresentado diversidade, tecnologia, sustentabilidade e rede, conceitos que estão cada vez mais presentes na sociedade atual. Como as empresas podem aprender com essa relação entre passado e futuro?
INTRODUÇÃO
Com certeza você já ouviu a expressão: “quem vive de passado é museu”. Pois fique sabendo que quem vive de futuro, também! A evolução dos museus e seus objetivos na contemporaneidade tem sido verdadeiras lições de comportamento para as empresas.
Quer saber quais são os motivos?
- Os museus interativos estão atentos à tecnologia, que reinventou o nosso modo de viver.
- Eles deixaram de ser um lugar de acúmulo de objetos e passaram a valorizar o patrimônio imaterial.
- Essa modalidade de museu está focada em criar experiências altamente contextualizadas.
- A interação desperta curiosidade e interesse nos visitantes, fazendo com que os museus sejam mais atrativos.
- Há um investimento em inovar a abordagem. Os conteúdos estão sendo passados de formas interativas.
- O uso das tecnologias no museu permite maior acesso às informações, bem como a sua democratização.
MUSEUS INTERATIVOS
Olhar para uma obra de arte não quer dizer, necessariamente, que você está entendendo o contexto da obra ou, por exemplo, captando a intenção do autor.
Por isso, mesmo os museus mais tradicionais estão investindo em tecnologias como o QR code, um código de barras 2D que pode ser escaneado pelo celular.
Esses códigos acompanham as obras, para que o visitante possa usar seu celular e ter acesso a um site que contém conteúdos informativos sobre a obra que está observando.
Essa prática, além de aproximar o usuário do museu, permite, de forma mais ampla, uma interpretação das obras.
Alguns museus vão além, e por meio do desenvolvimento de aplicativos específicos, apresentam muito dinamismo em suas informações. Como é o caso do Museu de ciência de Ottawa.
EXPERIÊNCIA
Para que você possa entender melhor sobre esse museu, trazemos uma experiência vivenciada pela nossa Sócia Proprietária, Ana Paula Arbache, que teve a oportunidade de visitar o Museu de ciência de Ottawa, que fica localizado no Canadá.
A INTERAÇÃO
“Tudo é preparado para acolher o público e fazê-lo sentir parte do Museu” – Ana Paula Arbache
Para que o visitante possa, de fato, interagir com a ciência, o museu propicia:
- arquitetura projetada: seus corredores são largos, permitindo livre circulação dos visitantes;
- simulação em computadores de como uma obra pode trazer impactos para a sua vida;
- brincadeiras de contato com objetos materiais – invertendo a ordem do “proibido tocar” presente na maioria dos museus. Como a exposição The Art of the Brick.
The Art of the Brick
São esculturas de Lego em tamanho real que podem abraçar um visitante, servir de banco de praça ou fazê-lo refletir sobre a condição humana.
- conhecimento de experiências científicas, apresentadas ao vivo por cientistas do Museu.
“É como se a ciência fosse um show. Um verdadeiro espetáculo a parte, que coloca esses personagens cientistas para estimular os expectadores a seguirem pelo caminho da ciência” – Ana Paula Arbache
- simulações de ações divertidas, como entrar e sair de locomotivas, testar um estilo de vida em uma casa do futuro, calçar um tamanco holandês ou um calçado de bombeiro.
Essas experiências permitem que o visitante tenha maior identificação com os temas propostos pelo museu, propiciando uma maior proximidade entre museu e sociedade. Já que você não precisa entender da exposição previamente ou ser um expert no assunto.
As explicações menos teóricas e mais sensitivas que permitem a experiência do visitante de passear entre passado e futuro.
SUSTENTABILIDADE
Devido às pesquisas desenvolvidas na área de educação e sustentabilidade, Ana Paula Arbache tem um olhar mais atento para essas questões.
No museu, ela pode observar alguns movimentos, como:
- questões sobre segurança alimentar voltada para as crianças.
O tema é tratado desde muito cedo no Canadá, há espaço para o aprendizado e conscientização desde a infância. Reforçando como as responsabilidades sobre segurança alimentar devem ser compartilhadas e pensadas por todos.
- questões voltadas a tecnologias sustentáveis
No Museu da ciência, também é possível simular a construção de uma casa inteligente, considerando as tecnologias sustentáveis disponíveis e, ainda, calcular os custos ao adquirir tais tecnologias.
“Tudo de modo interativo, tecnológico e ágil” – Ana Paula Arbache.
A cidadania é fortalecida pelos diferentes aspectos na sociedade Canadense. Basta observar como:
- o tema “sustentabilidade do planeta” está sendo colocada em visibilidade para os visitantes.
- o museu mostra diferentes soluções viáveis para essa problemática.
- o museu circula a ideia do imediatismo: as atitudes a respeito da sustentabilidade devem ser implantadas desde já! Não é uma utopia e sim uma realidade.
O PÚBLICO
O público presente na ocasião foi nomeado por Ana Paula Arbache de “Multicultural”. Ela afirma que “cabia, literalmente, um mundo ali dentro: chineses, indianos, americanos, nós brasileiros e outras nacionalidades que passavam pelos corredores do Museu”.
Sabemos que vivemos um momento de mobilidade, já que as tecnologias de transporte e de comunicação têm favorecido o contato entre pessoas de diversos países, que trazem consigo singularidades advindas de suas origens.
O multiculturalismo está sendo tomado no museu de forma estratégica, pois a exposição interativa colabora para que diferentes tendências culturais participem da exposição.
A RELAÇÃO DO MUSEU COM A SOCIEDADE
Para Ana Paula, o que mais chamou a atenção – além das exposições apresentadas pelo Museu – foi observar a interação entre o museu e a sociedade.
Como ela estava acompanhada por uma moradora da Cidade de Ottawa e sua filha de 6 anos, pode conhecer um pouco mais do modo de vida dos moradores da cidade.
Naquele dia, chegavam muitos ônibus escolares trazendo uma centena de crianças para passarem o dia no Museu. Em conversa com a moradora de Ottawa, Ana Paula ficou sabendo dos Summer Camps, acampamentos que acontecem no período das férias escolares, durante o verão.
- As crianças estão de férias escolares e, consequentemente, ficam em casa.
- Os responsáveis por essas crianças precisam trabalhar e não podem ficar com elas.
- Os estudantes dos cursos superiores também estão de férias e precisam trabalhar para se remunerarem e reunir pontuação para a faculdade.
Sendo assim, os Summer Camps atendem todas as necessidades:
- As crianças se divertem em camps de ciência, empreendedorismo, música, dança, esportes entre outros.
- Os estudantes de curso superior obtém remuneração, propiciando o aprendizado e a vivência em um determinado trabalho, além de desenvolver senso de responsabilidade, disciplina, gestão de tempo e de recursos financeiros, criatividade, tolerância, entre outros.
- As mães e pais podem trabalhar com tranquilidade – a criança sai pela manhã e volta à tarde! Perfeito!
COMO APROXIMAR ESSAS RELAÇÕES COM AS EMPRESAS?
Ana Paula Arbache afirma que essas considerações apontadas sobre o Museu de ciência e a experiência que ela nos relatou podem ser aproveitadas quando pensamos os espaços das empresas.
Ela nos aponta três aprendizados:
- Diversidade
Considerar o olhar para o diverso: crianças, jovens, adultos e seniores, cidadãos do mundo de diferentes nacionalidades.
O multiculturalismo compõe um mundo sem fronteiras, propicia encontros que podem ser prósperos, ou não, dependendo de quem está olhando!
A diversidade nutre a criatividade e deve ser incentivada nas empresas como vantagem estratégica. Contar com gestores que entendam a singularidade de cada colaborador, bem como as suas tendências culturais.
- Tecnologia e simulação
Não há caminho diferente. Mesmo que para nós, que estamos há muito tempo nos relacionando com o mercado de trabalho tradicional, ainda exista algum estranhamento, para as gerações futuras o mundo já está posto: é o da tecnologia.
As mudanças que partem das tecnologias estão aí o tempo todo, afetando a produtividade e a eficiência das empresas, pontos importantes para o funcionamento de qualquer organização no mercado.
- Rede e sustentabilidade
Jovens, adultos, pais, mães, universidades, camps, uma instituição que acolhe os momentos de vida de seus cidadãos dando a eles suporte para que possam viver uma cidadania mais digna.
Esse ambiente preparado para as diferentes situações deve estar nas empresas, pois conectividade e colaboração deve ser parte da vivência dos colaboradores.
Outra questão apresentada pelo museu é o da sustentabilidade. Sabemos que a vantagem competitiva das empresas está relacionada ao alinhamento de ações sustentáveis. Elas devem ser exemplo para os seus funcionários, clientes, stakeholders e parceiros, motivando todos a mudarem os seus hábitos.
Além de possibilitar lucros e maior alcance do impacto econômico, a ética e o respeito ambiental nas companhias são fomentadores fundamentais para as práticas de sustentabilidade, visto que sem as empresas a economia não funciona.
CONCLUSÃO
Um passeio no Museu de ciências pela perspectiva de Ana Paula Arbache nos fez repensar o quanto temos a aprender com as instituições inovadoras na relação com a sociedade.
Devemos estar atentos às mudanças a nossa volta e pensar como elas estão colaborando para uma sociedade madura no trato com seus cidadãos, preservando seus mitos e histórias e os colocando de frente para um futuro breve!
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