Cotidiano Gestão de Pessoas

Normal Quem?

A palavra “normal” me intriga a cada dia que passa… principalmente porque quando ouço uma palavra, automaticamente busco em minha mente o seu antônimo. E quando percebo que o dito como normal é apenas uma variação do tema comum, me arrepia pensar que os demais exemplos seriam “anormais”.

É um exercício que faço mesmo sem querer… e quando avalio que a palavra normal, vem do latim normalis, “de acordo com a regra, com a norma”, ou seja, daquilo que se espera; daquilo e daquele sem defeitos, cujo comportamento é considerável aceitável, cada vez mais, uso cada vez menos esta palavra. Comum, sim, uma situação, uma pessoa, uma circunstância comum, para mim, atende perfeitamente o que se pretende dizer.

Não quero ser politicamente correta, quero prestar mais atenção ao que falo, ao que ouço, e como me refiro, e como muitas vezes embutimos preconceitos na própria forma que dizemos certas coisas, entendo ser importante cuidar (ou tentar cuidar) do que se diz.

Ontem me indagaram: “então a coisa tá preta” é uma frase pejorativa? Aí, creio que não, porque se clarear as ideias é positivo, apenas estaria utilizando o antônimo para dizer que as coisas não vão bem, que as ideias se escureceram, por exemplo, e preto é uma cor escura. Poderia dizer que “a coisa está nebulosa”, aí sim, talvez fizesse mais sentido com a “coisa” nebulosa, da qual não estamos conseguindo ver direito saídas… A expressão me remete a isto, não ao preconceito sobre a cor, nem me passando pela cabeça qualquer raça.

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Não quero ser politicamente correta, quero prestar mais atenção ao que falo, ao que ouço, e como me refiro, e como muitas vezes embutimos preconceitos

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Perguntei a uma amiga com deficiência visual total, se quando alguém a chama de cega, se isso era pejorativo, e ela sabiamente me alertou: não, não é pejorativo, mas se você diminuir o volume da voz em tom discriminador aí sim, o tom criou o mal estar embutido na pessoa.

A nossa língua portuguesa é riquíssima, e as pessoas tão complexas, que vale a pena dar um voto de confiança nas gafes alheias e próprias.

Não levar a ferro e fogo as questões será sempre de bom tom. Essa semana mesmo, com um emaranhado de situações para avaliar, percebi que no outro lado da mesa, diante ainda de assuntos a serem completados, só pareceu conseguir enxergar o não feito; e não o volume de dificuldades que tivemos para chegar aonde chegamos. Mas como disse e repito: isso é bem comum e devemos seguir caminhando e fazendo o que acreditamos, pois muitas vezes, a importância está em persistir, desvendar, se apropriar. A verdade sempre há de saltar aos olhos e não necessariamente `a boca de quem avalia. Se sente e tem segurança e embasamento do caminho, vai! Vai que é tua!

É verdade, a definição de normas, muitas vezes, é um fator indispensável para que uma sociedade funcione minimamente, mas na mesma proporção, a diversidade de pessoas e ideias também o são, por isso que o respeito ao diferente não deve ser visto como uma afronta às normas, ou ao que seria visto como “normal”, pois tudo isso faz parte da soma das vidas que podemos ser, somados à vida que temos no momento, que muda e que se transforma diariamente.
Um final de semana bem atípico à todos vocês, pois como disse Hermann Hesse, “Não existe nada tão mau, selvagem e cruel, na natureza, quanto os homens normais.”

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Ana Luiza Alves Lima

Nascida em Santos, São Paulo, Brasil. Advogada e Consultora na Gestão de Pessoas em São Paulo – SP, Brasil. Formação: Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Santos (UniSantos-SP); Pós-graduado em Gestão de Seguros (Fundação Getúlio Vargas – FGV-SP); Consultora do Serviço Nacional do Comércio (SENAC para cursos livres e de pós graduação) e Administração de Recursos Humanos, pelo SENAC/SP. Membro da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo e da Associação dos Advogados de São Paulo.

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