Liderança

Sweat Equity

Perdi meu pai aos 8 anos de idade. Minha tia disse: “Agora você é o homem da família”. E eu levei isso a sério tanto que comecei a trabalhar como ajudante de escritório até completar treze anos. Na época minha mãe fez uma cirurgia cardíaca, e tivemos que vender nossa casa para pagar a operação. Tive de me mudar para uma pequena casa de 12 m² que tinha espaço suficiente apenas para o beliche e uma pequena cozinha… o banheiro ficava fora.  

Eu tinha dois trabalhos: De madrugada até às 17 horas, eu trabalhava como assistente de laboratório fazendo tarefas comuns à maioria das pessoas que exerciam essa atividade no departamento de fitopatologia da universidade: lavava tubo de ensaio, todos os frascos de Erlenmeyer, preparava meios de cultura. À noite, cursava meu colegial técnico e estudava para ser técnico químico industrial. Para isso, limpava diariamente as lousas do colégio e as reabastecia com giz para ganhar bolsa de estudo. Fiz isso até completar dezesseis anos e meio quando fiquei doente.

A grande guinada de minha vida aconteceu quando minha mãe me disse: “Meu filho, nós vamos ter que vender a televisão, pois não temos o que comer”. Nesse exato momento, eu me rebelei contra minha situação. Disse a minha mãe: “Eu não aceito mais esse tipo de vida. Eu vou embora para os Estados Unidos e eu vou tirar a Senhora dessa pobreza abjeta.” O interessante é que eu sabia que queria estudar Engenharia Química e que tinha de ser na Califórnia – isso pelo menos, eu sabia muito bem.

Não é preciso dizer que eu era tido como uma piada. “Meus amigos” costumavam caçoar de mim porque eu quase não tinha o que comer e onde morar e, imagine só, eu queria ir estudar nos Estados Unidos. Quanto mais eles tiravam sarro, mais determinado eu ficava em tornar meu sonho uma realidade. Escrevi muitas cartas dizendo a todos que conseguia pensar, o quanto eu queria estudar nos Estados Unidos.

Nessas andanças, conheci pessoas de bom coração, mas inaptas para me ajudar. Tudo que me diziam era “espere até se formar na universidade e depois vá fazer seu mestrado nos States”. Nessa época conheci um americano chamado John Mancini que ao saber de história de minha vida, decidiu ser meu patrocinador. Com a ajuda de John, fui estudar nos Estados Unidos. E todos me diziam: “Você é um cara de sorte, nasceu com aquele virado para a lua”.

Moral: Todo mundo vê as pingas que tomo; ninguém vê os tombos que levo. A verdade é uma só: “Para vencer é preciso demonstrar ‘sweat equity,’” ou seja, seu patrimônio de sangue, suor e lágrimas.