Por algum momento solicitamos a opinião de alguém para nortear nosso caminho. Escrevo sobre uma pessoa que conheci há uns anos atrás, numa situação desconfortável para ela, e que acabou se tornando, de alguma forma, próxima a mim e extremamente querida. Na realidade, não acreditava que sabia muito sobre ela, (além do que garimpei internet adentro), quer dizer, temos contato via e-mail com alguma frequência, e alguns contatos pessoais, mas quando conseguimos sentar para conversarmos, o tempo se torna sempre aquém do que queremos compartilhar.
E numa destas “coincidências” da vida fui convidada para atualizar uma disciplina em que um dos autores que eu teria que ler, seria justamente esta pessoa. Quando a comuniquei que iria ler referido livro, ela gentilmente me enviou o material e disse – “critique-me, seja inclemente!” e eu brinquei dizendo que não teria a ousadia de ensinar o Papa a rezar, mas que já que parecia um pedido legítimo e sincero, assim o faria… e a leitura foi transcorrendo e eu lá com minhas breves anotações (ora de mera correção de digitação, ora abordando a forma que via aquele assunto…) e passei a enviar estes comentários por capítulos.
Confesso que só no primeiro retorno tive a consciência de que, por não conhecê-la tão bem, poderia ter perdido uma pessoa querida (o que felizmente não foi o caso), pois realmente não sabia como ela reagiria aos comentários, pois é sabido que uma questão é pedir críticas acerca de algo, outra coisa é de fato recebê-las de forma madura. Claro que esta pessoa tem vasto conhecimento inquestionável, e que é dotada de grande capacidade e entendimento, mas aonde eu fui quase inocente, foi não ter sequer me preocupado em ter me indagado: “essa pessoa está sendo política ou ela de fato quer a minha opinião e crítica?”
Eu tenho uma outra amiga (que essa sim, me conhece bem) que diz: se você está me pedindo algo, eu estou acreditando que você quer de fato, pois tanto ela quanto eu, não conseguimos reconhecer de pronto um convite político.
E este assunto me fez pensar no quanto é bom ter clareza na comunicação. Se o outro sugere críticas e você as dá de forma justificada, eu acredito que há o estreitamento desta relação através do alargamento da confiança, e isso, de todas as formas, não tem preço!
É claro que devemos ter cuidado ao pedir a opinião dos outros (pois se tal pedido for feito à pessoa que desconhece o que você quer melhorar) seu tempo se esvairá numa comunicação vazia e cheia de estupidez.
Entretanto, caso você passe pela mesma experiência que eu, avalie a sinceridade do autor e utilize apenas um recurso na devolutiva: a sinceridade. Eu creio que a disposição nestes casos, tem que ser maior em quem pede a crítica do que em quem a realiza. É claro que quem critica deve se envolver, estar atento e ter cuidados e humor, mas a abertura para novas possibilidades deve vir de quem pede algo, pois se está disposição inexistir, é melhor manter a situação como está.
Gosto muito de uma frase de Oscar Niemeyer que diz que “a linha reta não sonha,” e se permitirmos que as experiências dos outros agreguem ao nosso conjunto de ideias, perceberemos o quão necessário são as curvas da vida. Obrigada pela confiança!
Uma linda semana cheio de curvas para todos nós!
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