Numa manhã comum, um passeio pelo calçadão na Praia de Ipanema, pode nos levar a reflexões sobre diferenças culturais que têm um impacto incrível na sociedade, a nível mundial. Ao viver no Rio, não pude deixar de observar com agrado a atividade e dinamismo da vida dos idosos: eles correm no calçadão, participam em campeonatos de volley, organizam jogos de futebol e aproveitam tanto o sol e o mar da Cidade Maravilhosa como os surfistas do Arpoador. Esse espírito me deu uma sensação de esperança muito boa por vir de um país – ou de um continente – onde a realidade é oposta.
O envelhecimento da população é um fenômeno global que se verifica mais acentuadamente na Europa onde, hoje, existem mais idosos do que crianças. Naturalmente, esse processo evolui em paralelo com a esperança média de vida que também tem ultrapassado os patamares do passado. Atualmente, a esperança média de vida na França, por exemplo, ronda os 81 anos, em Portugal está em torno dos 78 anos e no Brasil o mesmo indicador está nos 73 anos, aproximadamente. Mas a grande questão na Europa é a forma como o envelhecimento é encarado pela sociedade, fato que levou à criação do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações em 2012. Uma pessoa com 60, 70 e até 80 anos ainda tem muito a contribuir para a sociedade e isso é uma questão intergeracional. A sociedade não vê um idoso como uma pessoa válida e apta para trabalhar, mas no lugar disso enxerga-a como um peso, o que está erradíssimo. Em Portugal em especial, os lares e centros de repouso, são autênticos depósitos de pessoas que passam as últimas décadas de suas vidas sem qualquer atividade, esperando morrer. Existe casos de pessoas que morrem sozinhas em suas casas, sem que se dê conta de sua morte por dias, semanas. Isso é um absurdo, um desrespeito total pelo ser humano e que, infelizmente, acontece pelo mundo inteiro.
O Ano Europeu para o Envelhecimento Ativo se apresenta como uma iniciativa bastante positiva e demonstrou que este problema é uma preocupação, se focando em questões essenciais como o emprego, a participação na sociedade e a autonomia. No entanto, no meu entender, ainda ficou aquém do verdadeiro problema que é ainda mais profundo, estando inerente à mentalidade da sociedade como um todo, desde as crianças até os próprios idosos. O que assistimos nas madrugadas do Rio de Janeiro, junto ao mar, é bonito e esperançoso, porém está muito longe de espelhar o que acontece no resto do Brasil, na Europa e no mundo.
Links e artigos interessantes relacionados com o tema:
http://www.envelhecimentoativo.pt/default.asp http://europa.eu/ey2012/ey2012main.jsp langId=pt&catId=970
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_pa%C3%ADses_por_esperan%C3%A7a_m%C3%A9dia_de_ vida_%C3%A0_nascen%C3%A7a
http://www.unric.org/pt/actualidade/26453-envelhecimento-da-populacao-e-um-dos-maiores- desafios-da-europa
http://veja.abril.com.br/241007/p_114.shtml http://www.brasilescola.com/geografia/envelhecimento-populacional.htm
http://www.antoniomoser.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=82:o- envelhecimento-da-papulacao-brasileira-e-seus-desafios&catid=34:artigos&Itemid=41
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