Ao analisarmos o mercado de consumo e de trabalho percebemos que a cada dia surgem tecnologias e métodos de trabalho. Vamos dividir esta análise em duas partes: primeira a visão do consumidor; e segunda a do trabalhador.
O consumidor é um cliente exigente, crítico e analítico, buscando inovações que desejam, e muitas vezes nem foram lançadas no mercado para satisfazer sua ânsia de geeks (expressão que conceitua os obcecados por tecnologia). Percebemos que muitos, anteriormente analfabetos digitais, tornaram-se aderentes às tecnologias, exigindo facilidades impensáveis há alguns anos.
Para não falar só em tecnologia, abordaremos produtos distintos, como as barras de cereais que alimentam e não engordam. No começo tinham gosto de ração, hoje muitas são saboreadas com prazer. A inovação tecnológica, que possibilitou a criação dos meios para estudar e testar novos sabores, permite desenvolver máquinas de testes que antecipam erros ou acertos e acelera o processo produtivo.
Pode-se concluir que a tecnologia não faz só parte do mundo geek, mas é o meio de prover estudos e testes para novos produtos e serviços, independente das peculiaridades do consumidor. Estamos envolvidos por tecnologia, ela faz parte de nossas vidas.
É onde entra o problema. Como deverá ser o trabalhador por trás dos processos tecnológicos?
Este passa a ser um dos calvários das empresas, pois temos no Brasil pessoas que, apesar de consumidores exigentes, são trabalhadores pouco capacitados para atender às exigências do mercado cada vez mais crítico. Esta é a dissonância que preocupa diversos especialistas.
O que as empresas devem fazer para solucionar o problema? Elas vêm assumindo o papel de empregador e escola de formação para minimizar a distância entre consumidor e trabalhador. Esta necessidade faz com que criem universidades corporativas avançadas, como a da Embraer ou da Bematech para suprir a lacuna no mercado educacional.
Ao qualificar um profissional a empresa investe milhões em infra-estrutura, buscando compensar o investimento na produtividade e qualidade do trabalho. Mas a carência de profissionais traz o problema da imensa oferta de postos de trabalho para cargos mais qualificados.
Este cenário gera o Leilão destes profissionais, aumentando o turn over dos mesmos, e faz com que as empresas formadoras percam os mesmos milhões de investimento, tendo que reiniciar o processo do zero. Além da qualificação, é necessário políticas de incentivos, tanto de salários quanto de valorização, para retê-lo no mercado.
Se preparar para estas realidades não é um diferencial, é uma obrigação das empresas, pois não pode-se esperar que governos, instituições de ensino e consumidores se preocupem em se preparar para se tornar um bom profissional.
Temos um árduo caminho, vamos trilhá-los com convicção, esta é a única forma de alcançar o sucesso neste mercado exigente e crítico formado por consumidores qualificados, mas trabalhadores pouco preparados.
Fernando Arbache – presidente da Arbache Consultoria e Treinamento é Doutor em Sistemas de Informação (COPPE/UFRJ) e Inteligência de Mercado (ITA); Docente das cadeiras de Logística e Administração de Projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pesquisador do ITA, em Inteligência de Mercado e Simulação, e do CNPq. Também é desenvolvedor de sistemas de novas tecnologias em CRM, ERP e Business Intelligence. Além disso, é autor do livro Logística empresarial, da editora Petrobras, e Gestão de Logística, Distribuição e Trade Marketing, da Editora FGV.
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