No dia 24 de outubro de 2018 fui convidada para participar do Evento “Equidade de Gênero: perspectiva do Brasil e do Reino Unido sobre a mulher no mercado de trabalho”, realizado pela Britcham Brasil (The British Chamber of Commerce and Industry in Brazil) e organizado pelo Comitê de Capital Humano da Câmara Britânica, sob responsabilidade da Presidente Profa. Dra. Ana Paula Morgado.
Ana Paula Morgado é Diretora da Manchester University para a América do Sul e é colaboradora voluntária da Página de Empoderamento Feminino da Arbache Innovations (https://arbache.com/mundomelhor/empoderamento). Andrea Silvério, também colaboradora voluntária da Página Mundo Melhor, esteve presente.
Na ocasião, as palestras abordaram aspectos históricos relativos aos temas: a questão da diferença salarial entre homens e mulheres, bem como casos de empresas brasileiras e britânicas a respeito de políticas de equidade de gêneros nesses contextos. Nesse primeiro texto trataremos da primeira palestra ministrada no evento. Nós estaremos publicando 4 artigos referentes aos conteúdos dessas palestras, o primeiro segue abaixo.
A Diferença salarial entre homens e mulheres: perspectiva do Reino Unido
Foi abordada por Morgado aspectos como, os desafios do mercado de trabalho que envolvem a carreira feminina foram tratados, abordando as questões sobre as oportunidades de entrada no mesmo, desafios ligados a promoção e ascensão de carreira, a maternidade e a conciliação com a vida profissional, remuneração e a presença da mulher em espaços de poder.
A questão salarial é, para Morgado, apenas a ponta do “iceberg”, uma vez que existem diferentes modos de se estudar este ponto, bem como diferentes modelos de remuneração e trabalho, como é o caso do trabalho de tempo parcial.
O mais importante na discussão é “olhar o problema na sua essência”, há uma questão estrutural que precisa ser entendida e vai muito além dos números. Para Morgado o debate de hoje irá nutrir gerações futuras, pois não é para nós! No decorrer de sua fala, Ana Paula apresentou um vídeo da pesquisadora Britânica Jill Rubery, que tem como foco de seus interesses e estudos as “disparidades entre os salários de homens e mulheres “The gender pay gap”. Rubery aponta que são várias as dimensões que devem ser levadas em consideração quando tratamos da temática, como por exemplo:
- Mulheres que ganham mais e homens que ganham menos nos últimos tempos, uma vez que, em períodos de crises, muitos homens deixaram de receber altos salários, isso “encurta” a distância entre o menor e o maior salário.
- Mulheres que estão estagnadas em posições do mercado.
- A jornada de trabalho (parcial ou integral).
- A definição de cada salário em cada empresa.
- Perspectivas de crescimento, ou não, da mulher em alguns espaços do mercado de trabalho.
- Os acordos coletivos e os arranjos e formas de trabalho.
- Licença parental – da mãe e do pai.
- Subsídios para creche.
- Mentoria para crescimento na carreira.
- Políticas que devem ser combinadas para promover um mercado de trabalho inclusivo e com políticas de igualdade.
- A incorporação das políticas acima nas cadeias produtivas, entre outras.
- As novas formas de trabalho trazidas pela quarta revolução industrial.
No Reino Unido a distância salarial entre homens e mulheres, é de 18% conforme pesquisa da OCDE apresentada por Morgado. A partir de 2017, as empresas acima de 250 colaboradores, devem reportar os números salariais para prover maior transparência ao público. Para Ruberry, é preciso muita maturidade para tratar os dados provenientes dessa transparência. A pesquisadora aponta que é preciso fortalecer a integração das ações em prol a temática. Essa não é uma discussão nova, mas está distante de chegar ao seu objetivo, por isso é preciso maior empenho para que as novas gerações possam ter um mercado de trabalho mais inclusivo e pautado na igualdade. No Reino Unido, estima-se que será preciso mais 70 anos para que isso aconteça!
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