De acordo com pesquisas realizadas pelo pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi, quando a renda é baixa em um país, há uma relação direta com a falta de felicidade.
Introdução
Diversos estudos constatam que países pobres possuem tendência à infelicidade. Porém, quando há aumento de recursos econômicos, a felicidade não cresce necessariamente na mesma proporção. Em pesquisa realizada por Csikszentmihalyi, procurou-se entender como alcançar o contentamento, levando em consideração as experiências cotidianas das pessoas.
Para isso, ele focou em países que já possuem maiores rendas. Artistas, pintores, atores e atletas foram entrevistados e tiveram seus dados analisados. Os que não estão preocupados com fama e fortuna indicaram maior tendência a alcançar a satisfação pessoal.
Por que isso acontece?
Quando essas pessoas trabalham, se entregam completamente à composição de suas obras de arte ou a seus resultados esportivos. Elas entram em estado de êxtase, principalmente quando não há obrigação de transformá-las em dinheiro. Esse estado acontece quando existem exaltações místicas ou de sentimentos muito intensos, como felicidade, prazer, admiração e satisfação.
É como se a pessoa fosse transportada para fora de si e do mundo real. Ao entrar em êxtase, automaticamente os envolvidos se esquecem de seus impasses pessoais, de como é o seu cotidiano, dos seus problemas financeiros e de outros pensamentos negativos que geram tristeza. Eles não sentem fome, cansaço, raiva ou qualquer outro sentimento nocivo ao bem-estar.
Simplesmente deslocam-se para dentro de um mundo em que parecem estar totalmente desconectados da realidade, dando vazão a sentimentos criativos e expressando-se através da música, arte, poesia, esporte, etc. No estado de êxtase, é como se seus corpos e identidades desaparecessem. Para chegar até esse ponto, é necessário que haja muita concentração e é como se a existência fosse totalmente suspensa.
O estado de Flow e a sua relação com o framework Scrum
Mihaly Csikszentmihalyi chama esse tipo de experiência de Flow – é como se a pessoa estivesse flutuando e imersa em algum lugar fora de si. Essa prática não é feita conscientemente; os indivíduos apenas entram no estado de êxtase sem intenções e desejos. Ela não ocorre somente com artistas, mas também em qualquer outro segmento, desde que as pessoas se entreguem ao que está sendo feito.
Anita Roddick é fundadora da Body Shop. Ela é ativista ambiental e dos direitos humanos e diz que entrava no estado de Flow quando estava trabalhando em sua empresa. Masaru Ibuka, co-fundador da Sony, começou a empreender sem dinheiro e produtos. Ele possuía apenas uma ideia – construir um local no qual os engenheiros pudessem sentir satisfação ao inovar, criassem tecnologias que iriam além do que já existia, entendessem a sua missão para a sociedade e trabalhassem com o coração.
Com esse direcionamento, permitiu que os trabalhadores fossem além da razão e entrassem na vivência do Flow. Assim, a Sony poderia fazer produtos diferentes dos já elaborados por concorrentes. Para entrar completamente na experiência é preciso desligar-se dos problemas cotidianos e direcionar o foco para o que está sendo feito e pensado.
Isso ficará mais claro com a leitura da figura ao fim deste artigo. Mas para que se consiga alcançar a excitação, é necessário, portanto, que a pessoa goste e tenha habilidades no que será feito, além de paixão e prazer, que são essenciais. Sem isso, é improvável que ela consiga ter a prática do Flow, coloque energia ao usar a criatividade e possa emergir profundamente nas ideias.
A experiência é muito importante para alcançar duas coisas: motivação e engajamento. Ambos são elementos essenciais para uma equipe Scrum, que busca aproximar dois elementos essenciais do framework: engajamento e comprometimento. Aquele é a relação entre uma ou mais pessoas com uma causa, enquanto este representa a lealdade às finalidades de uma organização.
O Scrum menciona compromisso, comprometimento e os pilares da felicidade, descritos pelo pesquisador Martin E. P. Seligman. A busca da convergência é achar um propósito e a felicidade, que nos leva à motivação para executar algo. Ela está atrelada ao sentimento interno e individual de satisfação, que contribui para a elevação do bem-estar, da competência, da autodeterminação e do aumento do sentimento de prazer de cada um.
Conclusão
Portanto, em uma equipe Scrum bem escolhida e na qual as pessoas gostam do que fazem, haverá um maior comprometimento, engajamento e motivação. Isso permite que os indivíduos entrem na experiência do Flow e deem um profundo foco às tarefas, alcançando altíssima produtividade. Ao montar o time, é importante entender quem são as pessoas, procurar as que gostam do que fazem e não levar os projetos para as pessoas, e sim as pessoas certas para cada projeto.
Referência Bibliográfica
Csikszentmihalyi, Mihaly, & Csikzsentmihalyi, Isabella Selega (Eds.). (1988). Optimal Experience: Psychological studies of flow in consciousness. Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press.
Csikszentmihalyi, Mihaly (1990). Flow: The Psychology of Optimal Experience. New York, NY: Harper and Row.
Flow defined by skill and challenge. Adapted from Finding flow: The psychology of engagement with everyday life (p. 31), by M. Csikszentmihalyi, 1997, New York, NY: Basic Books. Copyright 1997 by Mihaly Csikszentmihalyi.
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