Profa. Ana Paula Arbache – PhD
Mentoring e Aconselhamento de Carreira
Pânico, é o que mais se vê quando o assunto é economia. A China derrete as bolsas pelo mundo afora, os países tentam reagir para estimular suas economias, os investidores ficam arredios aos riscos e os mercados sinalizam tempos difíceis para o mundo globalizado. Agregadas a estes fatores estão as crises humanitárias, que escancaram uma grave situação na Europa com a chegada de levas de imigrantes fugitivos de cenários hostis à condição humana, fazendo com que uma união europeia se muna de cercas e muros para conter a chegada de possíveis custos aos seus governos. Crises, guerras, epidemias, concentração de riquezas versus pobreza extrema, são assuntos urgentes que, quer queiram quer não, impactam sobremaneira na economia do mundo.
Mas, vamos olhar para dentro, a situação no Brasil fica mais aguda a cada dia, crise econômica acompanhada de crise política, crise hídrica, desemprego que chega a 8,3% (Pnad Continua, IBGE, 2015), real enfraquecido frente ao dólar, rebaixamento da nota de investimento, petróleo barato inviabilizando o pré-sal, corte em investimentos do governo, crédito escasso e por aí vai. Infelizmente, para os especialistas da área econômica, o horizonte positivo somente poderá dar sinal positivo em 2017, e se, somente se, o Brasil fizer o seu dever de casa.
Para as empresas o desafio é grande, muitas delas não irão sobreviver a isso, fecharão suas portas deixando mais gente desempregada, ou serão compradas por outras empresas que, com gordura para gastarem, poderão aguardar a “retomada do crescimento”. Muitos fundos de investimento chegam ao Brasil trazendo também suas culturas de negócios, inserindo um novo formato de ver e fazer o negócio (há empresas que a cada manhã, seus líderes se reúnem para checar seus custo e onde podem cortar seus gastos – o controle é a palavra chave para se conseguir manter as portas abertas).
Para segurar a operação essas empresa já começam a remodelar os modos de operar – ou seja, é preciso fazer muito mais para aguentar firme nesse cenário. Uma governança forte e estratégica será chamada para suportar novas ações, olhando para fora e para dentro, levantando possibilidades, mapeando novas parcerias, criando novos produtos, otimizando processos, organizando a casa e pedindo muito mais de seus colaboradores, sem contudo, aumentar seus custos com altos salários e programas caríssimos de qualidade de vida, benefícios, bônus entre outros mecanismos, até então utilizados para motivar suas equipes de trabalho. Os custos serão cortados na carne e para sobreviver será preciso, a cada dia, rever os custos, cortar gorduras e focar naquilo que realmente será capaz de sustentar a travessia.
Ok, mas o que o RH tem com isso? Como profissional e docente da área tenho escutado e visto muita coisa preocupante. Pensando como se estivéssemos na zona de conforto, com o PIB elevado e sem cair na real que já vivemos uma recessão, alguns profissionais ainda insistem em praticar as mesmas ações que antes! Veja alguns exemplos: programas onerosos de qualidade de vida, eventos motivacionais que não levam a lugar nenhum, cumprindo apenas o papel de promover o bem estar passageiro, sem sustentar o colaborar em período de plena crise, treinamentos sem estratégias que, além de caros, não favorecem o desenvolvimento de competências e o aumento de produtividade, a retenção pela retenção, sem a checagem de indicadores de desempenho que possa identificar gaps e desalinhamentos com as metas da empresa, recrutamentos de talentos que não estão preparados para dar conta de um cenário que exige muito conhecimento técnico e competências emocionais mais robustas, e por aí vai.
É preciso ser realmente estratégico e ser parceiro do negócios, não é somente olhar para as ferramentas, modelos, programas do RH, mas saber o que elas podem fazer para abastecer as empresas de maior competitividade e, consequentemente garantir a sua sobrevivência. Nós falamos em atração e seleção, cargos e salários, desenvolvimento humano, mas é preciso saber como esses mecanismos irão contribuir efetivamente, para que a empresa possa dar conta de reduzir os custos e aumentar a produtividade. É preciso decifrar urgentemente esse código e fazer essa a pauta de um RH estratégico, caso contrário, não estaremos cumprindo nosso papel nas empresas! Vamos mostrar serviço agora, antes que seja tarde demais!
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