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Que Tipo de Informações Uma Empresa de Logística B2B (Grandes Cargas, Portos) Deve Incluir Em Um Site On-line de Serviços?

Roteirizar veículos vem se tornando uma commoditie, devido a introdução e popularização de aplicativos de mapas para smartphone e tablets equipados com GPS. Com o investimento contínuo do Google no googlemaps, e recentemente o da Apple, com o Mapas, que apesar de não ter o mesmo sucesso, precisão e funcionalidade que o mapa do Google, vem recebendo investimentos maciços da Apple, incluindo a compra de empresas especializadas no ramos, como, por exemplo,  a Embark, start up do Vale do Silício especializada em analisar o trânsito nas cidades, possibilitando a maximização das rotas a serem traçadas. O Google, por sua vez, adquiriu a Waze, ferramenta colaborativa, que atualiza o tráfego a partir de indicações dos próprios usuários.

Porém, o que estes aplicativos, desenvolvidos para o usuário doméstico, poderiam impactar em empresas que desenvolvem sistemas profissionais de roteirização? Antes de mais nadas, vale analisar alguns pontos:

  1. A diferença entre um aplicativo doméstico e profissional começa pelo preço a ser pago para um roteirizador profissional, quando comparado com um doméstico. O primeiro custa certa de alguns milhares de dólares para cada usuários e o segundo é gratuito.
  2. O roteirizador profissional tem diferenciais que o gratuito não possui, como, por exemplo, otimização da sequencia de locais que um caminhão, van ou outro veículo de carga, deverá passar. Esta funcionalidade é fundamental para garantia do cumprimento de prazos de entregas de uma empresa, por exemplo. Imagine uma empresa que abastece Caixas Eletrônicos (ATM – AutomatedTellerMachine). Ela deve compreender uma série de fatores, como, por exemplo, sequenciamento de abastecimento, riscos de rotas, tempo de abastecimento. Considere, por exemplo, o atendimento de ATMs e em um Shopping Centers. Diversas variáveis devem ser levadas em consideração, como tempo de parada no estacionamento, deslocamento dentro do Shopping até o caixa eletrônicos, etc.
  3. Outro ponto é a integração entre o sistema profissional e o ERP (Enterprise Resource Planning – sistema de gestão) e  o WMS (Warehouse Management System – gerenciamento de armazém), que não existe nos APPs gratuitos.

Estes pontos podem colocar um fim a discussão entre a diferença dos dois aplicativos, porém cinco pontos pendem para o lado do APP gratuito, sendo eles:

  1. São gratuitos;
  2. Atualizam o trânsito com mais precisão e velocidade do que o profissional;
  3. Podem ser usados em um smartphone que podem custar menos de US$ 100.00;
  4. São fáceis de usar;
  5. São parametrizáveis e com códigos fáceis de receberem atualização e/ou modificação.

Os três pontos acima tornam-se ameaças para os aplicativos profissionais, pois a ao optar por um aplicativo gratuito, o mesmo poderá receber implementações, mesmo que superficiais, que possam atender aos pontos que os profissionais se diferenciam dos gratuitos.

Porém o que mais ameaça é o suporte de empresa como a Google e a Apple, que além serem as maiores empresa em tamanho, faturamento e valor de mercado no mundo, ambicionam assumir mercados domésticos e profissionais, com APPs baratos, funcionais e de fácil uso. Criar especialistas para trabalhar com roteirizados pode ser caro para uma empresa, portanto este é mais um ponto que vai contra os softwares profissionais. Um Google Maps pode ser facilmente manipulado por uma criança de 8 anos. Se a gestão do mesmo é simples, pode-se usar os treinamentos com o intuito de aperfeiçoar pontos críticos dos colaboradores, maximizando os custos em tirá-los do trabalho. As empresas que prestam tais serviços, necessitam começar a traçar as ameaças, colocando como seus principais competidores, não as outras empresas que desenvolve roteirizadores, mas sim o Google e a Apple.

O que deve oferecer, em termos de serviços, para as empresas clientes?

A meu ver, os serviços necessitam ser as funcionalidades existentes atualmente, como, por exemplo, o sequenciamento, e as existentes nas ferramentas do Google Maps, como, preço, facilidade de uso, uso em múltiplas plataformas, atualização contínua e em tempo real do trânsito. Porém, um ponto que deveria ser pensado de forma prioritária seria o uso de simulação, pois isto traria análise e conhecimento dos eventos, antes que o veículo de carga saia da empresa. Simular traz para a empresa uma visão de todas as possibilidades de ocorrências. A simulação também pode ser utilizada como game, o que permite compreensão, pelos usuários, de como é a roteirização, para que serve, quando deve ser utilizada e como ela pode proporcionar ganhos substanciais para a empresa. A simulação gamificada melhora a performance, não do indivíduo, mas do time, portanto ao utilizá-la em processos como o de roteirização, que é um procedimento sensível, pois irá afetar diretamente aos recursos da empresa e a percepção de valor do cliente, é necessário que a equipe mesmas estejam bem fundamentadas pela equipe que irá operar. Simulações realizadas em conjunto facilitam a combinação de variáveis, criando opções antes não avaliadas, e o uso de ferramentas móveis, trás o benefício de permitir que as mesmas seja realizadas, independente de local, aumentando a usabilidade dos avaliações.

O rastreamento on-line de cargas é importante para o cliente? Por que?

O rastreamento é fundamental, não apenas para o roubo de carga, mas também para a gestão ao cliente. Isto permite a comunicação integrada com o cliente, reduzindo riscos para os mesmos. Ele também serve para garantir otimização de frota, carregamento de carga, uso de armazéns, etc, pois ao compreender o volume a ser movimentado, e quando o mesmo ocorrerá, torna-se possível compreender o que vai despachar, quando e como.

Como funciona esse serviço?

O serviço de rastreamento é algo que também vem se tornando popular e barato. Existe um serviço nos telefones da Apple, denominado de Findmy iPhone. Ele, na verdade, é um serviço de rastreamento, e gratuito. Funciona através de triangulação de ERB (Estações Radio Bases), que vem se tornando muito barato para as operadoras. É certo que existe nele uma restrição que é a cobertura ainda restrita, porém ao combinar custo, funcionalidade e crescimento do investimento em infraestrutura em telefonia móvel, torna-se um modelo muito atrativo a médio prazo.

Como é cobrado?

O modelo de cobrança, a meu ver, deve ser por uso, ou seja, transformando os aplicativos em serviços ao invés de produtos. É necessário o uso intensivo dos serviços já disponíveis, como, por exemplo, o WAZE, que pode dar suporte a correção de rotas, de acordo com o tráfico existente. Deve-se levar em consideração que o Google Maps já vem sendo usado como aplicativo profissional por instituições de pesquisas, militares, governamentais e empresas. Quanto mais intensivo seu uso, melhor ele tende a ficar, distanciando-se muito dos aplicativos usados como “produtos”.

Fernando Arbache

Fernando Arbache

Mestre em Engenharia Industrial PUC/Rio. Independent Education Consultant working with MIT Professional Education. Graduado em Engenharia Civil, UFJF. Data and Models in Engineering, Science, and Business/MIT, Cambridge, MA (USA). Challenges of Leadership in Teams/MIT, Cambridge, MA (USA). Data Science: Data to Insights/MIT, Cambridge, MA (USA). AnyLogic Advanced Program of Simulation Modeling/Hampton, NJ (USA). Experiência Acadêmica: Educational Consultant working with MIT. Instructor in Digital Courses at MIT Professional Education in Digital Transformation and Leadership in Innovation. Atuou cimo coordenador da FGV em cursos de Gestão. Atuou como professor FGV, nas cadeiras e Logística, Estatística, Gestão de Riscos e Sistemas de Informação. Professor da HSM Educação, IBMEC e FATEC. Livros escritos: ARBACHE, F. Gestão da Logística, Distribuição e Trade Marketing. São Paulo: Ed. FGV, 2004. ARBACHE, F. Logística Empresarial. Rio de Janeiro: Ed. Petrobras, 2005. ARBACHE, A. P. e ARBACHE, F. Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos. São José do Rio Preto- SP: Raízes Gráfica e Editora, 2012. Pesquisa: Desenvolvimento de modelos de mapeamento de Competências Comportamentais e Técnicas, por meio de gamificação com uso de Inteligência Artificial, utilizando Deep Learning e Machine Learning (http://www.arbache.com/mobi). Programa de Inovação com 75 cooperativas de diversas áreas de atuação e aproximadamente 500 participantes, com Kick-off no MIT PE (http://www.arbache.com/inovacoop). Desenvolvimento de Inteligências nos dados e métricas - Big data e precisão nas tomadas de decisões na gestão de pessoas. Experiência Profissional: CIO (Chief Innovations Officer) da empresa Arbache Innovations especializada em simulação, inovação com foro em HRTech e EduTech – empresa premiada no programa Conecta (http://conecta.cnt.org.br) como uma das 5 entre 500 startups mais inovadoras da América Latina. Acelerada pela Plug&Play (https://www.plugandplaytechcenter.com) em Sunnyvale, CA – Vale do Silício entre novembro e dezembro de 2018. Desenvolvimento de parceria com o MIT – Massachusetts Institute of Technology para cursos presenciais e digitais – http://www.arbache.com/mitpe, https://professional.mit.edu/programs/digital-plus-programs/who-we-work & https://professional.mit.edu/programs/international-programs/who-we-work

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