Roteirizar veículos vem se tornando uma commoditie, devido a introdução e popularização de aplicativos de mapas para smartphone e tablets equipados com GPS. Com o investimento contínuo do Google no googlemaps, e recentemente o da Apple, com o Mapas, que apesar de não ter o mesmo sucesso, precisão e funcionalidade que o mapa do Google, vem recebendo investimentos maciços da Apple, incluindo a compra de empresas especializadas no ramos, como, por exemplo, a Embark, start up do Vale do Silício especializada em analisar o trânsito nas cidades, possibilitando a maximização das rotas a serem traçadas. O Google, por sua vez, adquiriu a Waze, ferramenta colaborativa, que atualiza o tráfego a partir de indicações dos próprios usuários.
Porém, o que estes aplicativos, desenvolvidos para o usuário doméstico, poderiam impactar em empresas que desenvolvem sistemas profissionais de roteirização? Antes de mais nadas, vale analisar alguns pontos:
- A diferença entre um aplicativo doméstico e profissional começa pelo preço a ser pago para um roteirizador profissional, quando comparado com um doméstico. O primeiro custa certa de alguns milhares de dólares para cada usuários e o segundo é gratuito.
- O roteirizador profissional tem diferenciais que o gratuito não possui, como, por exemplo, otimização da sequencia de locais que um caminhão, van ou outro veículo de carga, deverá passar. Esta funcionalidade é fundamental para garantia do cumprimento de prazos de entregas de uma empresa, por exemplo. Imagine uma empresa que abastece Caixas Eletrônicos (ATM – AutomatedTellerMachine). Ela deve compreender uma série de fatores, como, por exemplo, sequenciamento de abastecimento, riscos de rotas, tempo de abastecimento. Considere, por exemplo, o atendimento de ATMs e em um Shopping Centers. Diversas variáveis devem ser levadas em consideração, como tempo de parada no estacionamento, deslocamento dentro do Shopping até o caixa eletrônicos, etc.
- Outro ponto é a integração entre o sistema profissional e o ERP (Enterprise Resource Planning – sistema de gestão) e o WMS (Warehouse Management System – gerenciamento de armazém), que não existe nos APPs gratuitos.
Estes pontos podem colocar um fim a discussão entre a diferença dos dois aplicativos, porém cinco pontos pendem para o lado do APP gratuito, sendo eles:
- São gratuitos;
- Atualizam o trânsito com mais precisão e velocidade do que o profissional;
- Podem ser usados em um smartphone que podem custar menos de US$ 100.00;
- São fáceis de usar;
- São parametrizáveis e com códigos fáceis de receberem atualização e/ou modificação.
Os três pontos acima tornam-se ameaças para os aplicativos profissionais, pois a ao optar por um aplicativo gratuito, o mesmo poderá receber implementações, mesmo que superficiais, que possam atender aos pontos que os profissionais se diferenciam dos gratuitos.
Porém o que mais ameaça é o suporte de empresa como a Google e a Apple, que além serem as maiores empresa em tamanho, faturamento e valor de mercado no mundo, ambicionam assumir mercados domésticos e profissionais, com APPs baratos, funcionais e de fácil uso. Criar especialistas para trabalhar com roteirizados pode ser caro para uma empresa, portanto este é mais um ponto que vai contra os softwares profissionais. Um Google Maps pode ser facilmente manipulado por uma criança de 8 anos. Se a gestão do mesmo é simples, pode-se usar os treinamentos com o intuito de aperfeiçoar pontos críticos dos colaboradores, maximizando os custos em tirá-los do trabalho. As empresas que prestam tais serviços, necessitam começar a traçar as ameaças, colocando como seus principais competidores, não as outras empresas que desenvolve roteirizadores, mas sim o Google e a Apple.
O que deve oferecer, em termos de serviços, para as empresas clientes?
A meu ver, os serviços necessitam ser as funcionalidades existentes atualmente, como, por exemplo, o sequenciamento, e as existentes nas ferramentas do Google Maps, como, preço, facilidade de uso, uso em múltiplas plataformas, atualização contínua e em tempo real do trânsito. Porém, um ponto que deveria ser pensado de forma prioritária seria o uso de simulação, pois isto traria análise e conhecimento dos eventos, antes que o veículo de carga saia da empresa. Simular traz para a empresa uma visão de todas as possibilidades de ocorrências. A simulação também pode ser utilizada como game, o que permite compreensão, pelos usuários, de como é a roteirização, para que serve, quando deve ser utilizada e como ela pode proporcionar ganhos substanciais para a empresa. A simulação gamificada melhora a performance, não do indivíduo, mas do time, portanto ao utilizá-la em processos como o de roteirização, que é um procedimento sensível, pois irá afetar diretamente aos recursos da empresa e a percepção de valor do cliente, é necessário que a equipe mesmas estejam bem fundamentadas pela equipe que irá operar. Simulações realizadas em conjunto facilitam a combinação de variáveis, criando opções antes não avaliadas, e o uso de ferramentas móveis, trás o benefício de permitir que as mesmas seja realizadas, independente de local, aumentando a usabilidade dos avaliações.
O rastreamento on-line de cargas é importante para o cliente? Por que?
O rastreamento é fundamental, não apenas para o roubo de carga, mas também para a gestão ao cliente. Isto permite a comunicação integrada com o cliente, reduzindo riscos para os mesmos. Ele também serve para garantir otimização de frota, carregamento de carga, uso de armazéns, etc, pois ao compreender o volume a ser movimentado, e quando o mesmo ocorrerá, torna-se possível compreender o que vai despachar, quando e como.
Como funciona esse serviço?
O serviço de rastreamento é algo que também vem se tornando popular e barato. Existe um serviço nos telefones da Apple, denominado de Findmy iPhone. Ele, na verdade, é um serviço de rastreamento, e gratuito. Funciona através de triangulação de ERB (Estações Radio Bases), que vem se tornando muito barato para as operadoras. É certo que existe nele uma restrição que é a cobertura ainda restrita, porém ao combinar custo, funcionalidade e crescimento do investimento em infraestrutura em telefonia móvel, torna-se um modelo muito atrativo a médio prazo.
Como é cobrado?
O modelo de cobrança, a meu ver, deve ser por uso, ou seja, transformando os aplicativos em serviços ao invés de produtos. É necessário o uso intensivo dos serviços já disponíveis, como, por exemplo, o WAZE, que pode dar suporte a correção de rotas, de acordo com o tráfico existente. Deve-se levar em consideração que o Google Maps já vem sendo usado como aplicativo profissional por instituições de pesquisas, militares, governamentais e empresas. Quanto mais intensivo seu uso, melhor ele tende a ficar, distanciando-se muito dos aplicativos usados como “produtos”.
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