Empreendedorismo e Inovação Mercado

Nova Articulista No Blog Arbache:De Lisboa Para O Rio De Janeiro

Sendo esta minha primeira participação no blog, resolvi começar por me apresentar e contar um pouco de minha vivência e escolha profissional, assim como o porquê de uma “alfacinha” virar “carioca”.

Meu nome é Filipa, tenho 26 anos e nasci em Lisboa. Estudei Economia e, após diferentes experiências de trabalho (desde dar aula de ballet até estagiar num Banco em M&A), decidi me dedicar às questões sociais. Olhando para trás, tenho alguma dificuldade em arrumar uma única razão para essa decisão.

Em primeiro lugar, venho de uma família bastante heterogênea. Se por um lado, tenho uma componente bastante conservadora em meu DNA, por outro lado pertenço a uma família que acabou correndo o mundo, devido a Revoluções, pós-revoluções e diversas crises das quais meu país tem sido alvo nas últimas décadas. Dessa diversidade, penso que resultei numa pessoa bastante enraizada e apaixonada pelo meu país, e que por outro lado com bastante sede de conhecer o diferente, explorar culturas e costumes. Apesar dessa heterogeneidade, tem uma coisa comum que sempre pude observar em toda minha família, que é a generosidade. Generosidade entre irmãos, de pais para filhos, de primos para tios, de amigos para amigos de amigos ou mesmo para desconhecidos. Aprendi que não podemos ser felizes sozinhos, satisfazendo apenas nossos desejos ou necessidades, o que me obrigou a observar e não apenas olhar para quem está do meu lado.

Dizia eu que um lado de minha família sempre foi muito “nómada”.  Isso me deu a possibilidade de conhecer outras realidades em viagens, mas também devido a casualidades da vida. Aos 15 anos, em plena adolescência, me mudei com minha família para os Camarões onde pude viver dois anos cheios de “banhos de vida” como costumamos falar na minha terra. Me vi num lugar onde, mesmo que eu quisesse me centrar no meu umbigo, era realmente forçada a reparar no que se passava no meu entorno. Minhas noções de pobreza, dignidade, humildade, integridade sofreram uma transformação tremenda.

De volta em Lisboa, dois anos depois, tudo ficou para trás das minhas costas. Mantive alguns contatos mas recomecei uma nova vida, como se nada tivesse acontecido e como se esses dois anos não me tivessem mudado em nada. Terminei meu Ensino Médio, passei meu vestibular e entrei para a Faculdade de Economia, sem grande planejamento ou reflexão sobre minha decisão. Ao mesmo tempo ia fazendo trabalhos diversos, estágios e dava aulas de Ballet. Num dia de inverno, estava tendo uma aula da disciplina de Economia do Desenvolvimento e meu professor resolveu partilhar algumas de suas experiências em África. Projetos diversos nos quais ele se havia envolvido, questões políticas que tinha enfrentado, planejamentos de programas sociais que tinham fracassado e outros sucedido. Realizei de imediato o que era realmente importante, soube ali o que queria para mim. Olhei um colega que estava sentado do meu lado e falei: É isso mesmo! Eu quero mudar o mundo!

Resolvi começar pelo meu país (eu já falei que amo minha terra, né?) e incorporei um projeto que se baseava num conceito que nunca tinha conhecido antes – o Empreendedorismo Social – tema que desenvolverei num outro post. Foi uma experiência muito enriquecedora, pois me deu a possibilidade de aprender muito e me inspirar em pessoas reais que dedicam sua vida a resolver problemas que impactam os outros. A pessoa que me levou para esse mundo – e por quem sinto uma profunda gratidão – é uma grande aficionada e apaixonada pelo Brasil. Ao longo de meses me falou de sua experiência no país, seu trabalho em favelas, o mundo de oportunidades (não problemas) que existe para arregaçar as mangas e fazer a diferença com projetos com sentido, a tamanha boa vontade do povo brasileiro e eu rapidamente me convenci de que essa mudança teria que fazer parte do meu caminho. Estou  cursando um MBA ligado à Responsabilidade Social, estou trabalhando numa ONG completamente diferente do lugar onde trabalhava anteriormente e estou aproveitando essa nova oportunidade que a vida me deu, tentando enriquecer minha experiência ao máximo, sempre com minhas raízes e minha missão bem presentes.

Agora que já me conhecem, agradeço a oportunidade de poder partilhar minha opinião e experiência junto a pessoas com tantas histórias para contar e espero, a cada mês, dar um contributo coerente e pertinente no que diz respeito à área Social e no que eu considerar que possa ser interessante para os leitores do blog.