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Como Ver Se As Universidades São Organizações Socialmente Responsáveis E Se Promovem O Bem-Estar Da Sociedade

São as instituições de ensino superior organizações socialmente responsáveis?

Esta é uma boa questão, porque quando escutamos muitos agentes econômicos parece que não. Não, porque, na opinião desses agentes econômicos, as universidades, as escolas de ensino superior, não treinam os seus alunos, estudantes, para as necessidades das companhias, dos seus negócios, dos seus processos.

Nesta perspectiva, as universidades em geral nunca cumprirão essa responsabilidade social e não cumprirão porque nunca terão capacidade para o fazer. Nunca o conseguirão porque nas escolas superiores, mesmo nas mais vocacionais, mais orientadas à profissionalização, como as de medicina, as de educação de professorado, as contáveis, entre outras, não se treinam os jovens, os universitários, para uma companhia em concreto, uma organização em concreto, mas para uma vastidão de companhias distintas, diferentes no seu tamanho, com problemas diferentes, com ambientes concorrenciais variados, entre outros aspectos.

Contudo, não me parece que as universidades tenham de trabalhar assim; se o fizeram estarão hipotecando o seu futuro e, mais importante do que o seu futuro, estarão hipotecando o futuro dos jovens, dos futuros profissionais.

Se vermos com cuidado, as universidades desde sempre foram socialmente responsáveis, apesar de todos os erros que cometem, apesar de em várias dimensões da responsabilidade social elas terem um longo caminho a percorrer.

As universidades são organizações que cumprem uma missão específica e estratégica na sociedade,missãoessa que faz parte do seu legado histórico e das suas memórias enquanto organização.

Elas desde sempre cumpriram, ou procuraram cumprir, uma responsabilidade social perante a comunidade e perante o conhecimento e a aprendizagem. Elas procuraram o Conhecimento, procuraram transmitir esse conhecimento através de canais de informação, visando construir, desde sempre, uma sociedade baseadano conhecimento, através da aprendizagem e da manifestação cultural.

Contudo, as universidades, apesar de cumprirem a sua missão, que é socialmente responsável pela sua natureza, devem demonstrar sempre que o são, trabalhando, como todas as companhias que estão a trabalhar nesta temática da responsabilidade social, na elaboração de práticas, na construção de modelos de intervenção, e no registo dessas práticas.

O que têm então de fazer as universidades?

Têm de ter:

UMA IDENTIDADE àuma visão, um código de valores e referenciais de actuação; a Carta Pedagógica; o Código de Conduta Social; os Princípios Éticos das universidades

UM PROPÓSITO àuma estratégia para a responsabilidade social com políticas de reconhecimento e validação dos desempenhos, com definição das métricas de monitorização (uma BSC) e os comportamentos de cidadania do docente, do aluno e dos investigadores

UMA RELAÇÃO COM OS GRUPOS DE INTERESSE àenquadrar os grupos de interesse na cadeia de valor, criando fóruns de participação e relacionamento, definição de papéis e criação de redes de colaboração mútua

UMA ESTRUTURA àequipa para o Relatório da Sustentabilidade; equipa para responder ao desafio da PRME – Principles for Responsible Management Education; criação da imagem para a responsabilidade social; certificar alguns processos/áreas/actividades

UMA PRESTAÇÃO DE CONTAS àelaboração de memorandos e relatórios, promover avaliações constantes aos ensinos e dos desempenhos nos ensinos, aos resultados da investigação, ao apoio ao desenvolvimento, …

Será certamente difícil, mas … só teremos sucesso e seremos reconhecidos, se trabalharmos para isso, sabendo que até termos sucesso, vamos ter muitos falhanços e insucessos, mas nunca podemos desanimar com esses insucessos.

Resumo  profissional do  Autor:

Paulo Resende da Silva é professor na Universidade de Évora e convidado pelo  ISEGI/Universidade Nova de Lisboa, na área da Gestão da Informação, Gestão do Conhecimento, Gestão dos Recursos Humanos e da Gestão da Mudança. Tem trabalho com Universidades Europeias, estando neste momento envolvido num projeto de ensino de mestrado com uma Universidade Finlandesa, Escocesa e Checa. É diretor do curso de mestrado em Intervenção Sócio-Organizacional na saúde.

Toda a sua formação é de Administração, licenciatura, mestrado e doutoramento, tendo publicado ou desenvolvido trabalhos nestes domínios, em especial as questões da assimetria da informação, da responsabilidade social das universidades e da gestão da informação e do conhecimento.

Colabora com empresas portuguesas, tendo sido responsável de programas de treinamento para clientes, desenho do modelo de avaliação do desempenho e de orientação estratégica em organizações portuguesas.

Coordena actividades de relacionamento com empresas do Departamento de Administração da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora e é membro do Conselho Geral da Universidade de Évora (órgão de governo de topo das universidades públicas portuguesas.