Como explicar o estrondoso e pirotécnico fracasso daqueles projetos que tinham tudo para dar certo – no planejamento? (estou assumindo que sim, houve um destes. Nunca se pode dar isso por certo…).
Bem, eis uma hipótese: O problema está com o cliente. Não, não quero dizer que o cliente é o problema. Embora possa ser uma racionalização quase irresistível e até – em certos casos, uma patente verdade, ninguém pode ser culpado pelo fracasso sozinho!
Há uma grande diferença a ser considerada, mas que raramente é levada em conta na hora de apontarmos o dedo, para encontrarmos um culpado: empresas são geridas por pessoas. Projetos são geridos por pessoas. Pessoas são diferentes, encaram o mundo de maneira diferente, e possuem expectativas, objetivos e desejos totalmente diferentes. Mesmo quando dizem que não (pior: isso ocorre principalmente, quando clientes e fornecedores atestam que todos possuem os mesmos objetivos, falam a mesma língua e se entendem perfeitamente; são as famosas “últimas palavras”).
Projetos de sucesso se baseiam em uma premissa extremamente complexa: a de que o cliente (ou “sponsor”) está intimamente ligado à gestão, possui a qualificação necessária e é consistentemente participativo. Em certos mercados, como o de desenvolvimento de softwares, o cliente é parte integral das atividades previstas no projeto, sem as quais os resultados não atenderão às expectativas geradas. Ou seja, sem a “andorinha-cliente”, não há um “projeto verão”!
Mas quem disse que o cliente possui a qualificação necessária para participar ativamente de um projeto? E pode ombrear não somente as responsabilidades que lhes são alocadas, mas as executará dentro dos padrões de gestão que o fornecedor (o qual presumimos ser extremamente qualificado) opera?
O fato é que muitos clientes não têm o conhecimento necessário para trabalhar em conjunto com seus fornecedores, na maioria dos projetos que comissionam. Entendem e muito do negócio. Mas não entende de projetos ou como realizá-los.
E não é culpa deles. Afinal, estão ocupados com seus próprios negócios, que são normalmente baseados em processos. Mesmo assim, a responsabilidade dos resultados recai também sobre o profissional incumbido deste projeto, este pertencente à organização contratante. No contexto de uma carreira profissional, é mais um ponto de estresse que afeta a comunicação.
Voltando ao exemplo de desenvolvimento de softwares, especificamente em projetos de websites das empresas, o grande problema está na fase em que o cliente precisa compreender os objetivos estratégicos os quais o projeto proporciona à organização e disponibilizar recursos dedicados para trabalhar no seu desenvolvimento além de, principalmente, saber manter os entregáveis produzidos.
Quantas empresas comissionam projetos de grande vulto, que pressupõem o uso ativo de ferramentas online, mas para os quais não se organizam? Algumas? Poucas? Tente “quase todas”.
No capitulo final desta coluna, trataremos da “insustentável soma de todas as partes”: quando orquestrar um projeto até “dá samba”, mesmo que nem sempre na mesma sintonia!
Deixe seu comentário