Pilar de sustentação para as potências econômicas – concorrência na compra de caças
Revisitando a história recente, a China foi protagonista de diversos episódios extremamente críticos no que tange aos direitos humanos. Podemos citar como os mais marcantes o “Massacre da Praça da Paz Celestial”, em 1989, no qual perderam a vida, aproximadamente, 800 civis; ou ainda, a ocupação do Tibete onde, em 2009, diversos monges foram presos ao protestarem contra a ocupação chinesa.
E quais foram as retaliações impostas pelos países defensores fervorosos dos direitos humanos? Praticamente nenhuma. Foram apenas discursos veiculados pelos seus líderes sem, no entanto, ações enérgicas ou bloqueios econômicos.
Mikhail Saakashvili, presidente eleito da Geórgia, ao tentar recuperar o domínio sobre o montanhoso território da Ossétia do Sul em 2009, no Cáucaso, teve seu país invadido pela Rússia e, sem capacidade de reação, assinou o cessar fogo, concordando em manter a Ossétia do Sul independente. Mesmo sendo Mikhail Saakashvili aliado e amigo de George Bush, os Estados Unidos resumiram sua ação em críticas diplomáticas ao presidente russo, Dmitri Medvedev, homem de confiança do ex-presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Como se pode perceber, tanto a Rússia quanto a China são, sem dúvida, grandes potências militares, sendo esse um dos motivos pelos quais as eventuais críticas não passaram de mero discurso. Entre os países citados, todos possuem tecnologia de projeto e produção de armamento bélico de última geração. A China apresentou, recentemente, o J-10 (Jian 10 ou Caça 10), caça multifunção desenvolvido pela Chengdu Aircraft Industry, parte da China Aviation Industry Corporation I (AVIC I). Esse país vem anunciando o desenvolvimento do J-12 que terá tecnologia comparada ao F-22 Raptor, caça que é de última geração, desenvolvido para a Força Aérea Americana. O F-22 Raptor passa ser o caça de supremacia aérea para a United States Air Force (USAF) substituindo o F-15, até então caça de supremacia aérea da USAF, fabricado pela Boeing, mesmo fabricante do F-18. Devemos lembrar que o F-18 é participante do FX-2, sendo ele um caça de quarta geração que teve seu projeto iniciado na década de 1970 e seu primeiro voo em novembro de 1978.
A Índia, igualmente buscando status de potência econômica, vem projetando, em conjunto com a Rússia, um caça de quinta geração, desenvolvido pelas empresas HAL e a Sukhoi, cujo primeiro voo está marcado para 2017. Segundo os projetistas, a aeronave terá capacidade de combate semelhante ao F-22.
Todos os países mencionados têm suas siglas incorporadas no BRIC. BRIC é um acrônimo criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, para designar, no relatório Building Better Global Economic BRICs, os quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China.
Do BRIC, apenas o Brasil não possui capacidade de desenvolvimento de projeto e construção de caça supersônico de quarta ou quinta gerações. Portanto, ainda tem de avançar nesse item para garantir seu lugar como potência. Mesmo tendo a terceira maior indústria aeronáutica do planeta, capitaneada pela Embraer, o Brasil não iniciou o desenvolvimento de uma aeronave de superioridade aérea que possa garantir soberania no espaço aéreo brasileiro.
As nações do BRIC, exceto o Brasil, estão investindo em suas forças armadas através de desenvolvimento interno de armamento de última geração, com o intuito de garantir a continuidade de seu crescimento como potência econômica.
No próximo artigo, será avaliado o investimento dos países do BRIC e dos Estados Unidos, buscando compreender como é a dinâmica da relação entre potência econômica versus potência militar.
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