Empreendedorismo e Inovação Gestão de Projetos

Riscos! Por Que Evita-los?

Por Alexandre Zoppa, PMP, SpP, MSP Foundation

O nosso assunto de hoje não passava de teoria há alguns anos, mas esta cada vez mais presente no nosso dia a dia em projetos. Vamos falar de Gerenciamento de Riscos.

Lembro-me que quando comecei a trabalhar com gestão de projetos falávamos muito no gerenciamento da restrição tripla – escopo, prazo e custo – e pouco se falava em Riscos.

Em primeiro lugar, gostaria de definir o que é risco. Segundo o PMI (Project Management Institute), risco é um evento ou condição incerta que, caso ocorra, impacta positiva ou negativamente um ou mais objetivos do projeto como escopo, prazo, custo ou qualidade (Guia PMBOK® 5ª Edição, página 310). Em outras palavras é tudo aquilo que pode, ou não, acontecer e, quando acontece, impacta o projeto. É importante reforçar que o risco pode ter um impacto negativo, quando é conhecido como ameaça, mas também pode ter um impacto positivo, quando é chamado de oportunidade.

É uma característica do ser humano associar riscos a eventos negativos. É difícil pensar em riscos como uma oportunidade e, por isso, é importante nos policiarmos para focar as oportunidades quando estivermos gerenciando riscos. Se você, alguma vez, já participou de um processo de identificação de riscos sabe do que estou falando. Em média, 90% dos riscos identificados são ameaças. A falta de identificação das oportunidades faz com que muitas não sejam aproveitadas como poderiam, deixando de trazer benefícios para o projeto.

A área de conhecimento em Gerenciamento de Riscos tem seis processos:

Planejar o gerenciamento dos riscos;

Identificar os riscos;

Realizar a análise qualitativa dos riscos;

Realizar a análise quantitativa dos riscos;

Planejar as respostas aos riscos;

e, Monitorar e controlar os riscos.

Mas não é especificamente sobre os processos de riscos que quero conversar com você. Quando o gerenciamento de riscos começou a ser mais utilizado, começaram a aparecer, no mercado, diversos aplicativos para suportar e facilitar sua aplicação. A maior parte deles baseada em métodos estatísticos de análises quantitativas, utilizando distribuições de probabilidade, análises de sensibilidade e valor monetário esperado, e técnicas de modelagem e simulação, como a técnica de Monte Carlo, que através de cálculos iterativos e um modelo definido, converte as incertezas especificadas em seu possível impacto no projeto. Tudo isso começou a parecer complicado e, se você não é da área técnica, realmente é.

Acredito que essa complicação matemática, da análise quantitativa, acaba desencorajando a inciativa de vários profissionais que evitam se “aventurar” pelos caminhos do gerenciamento de riscos. O problema é que, na verdade, é possível ter grandes benefícios para o projeto com a aplicação dos outros processos com certo grau de simplicidade. Não estou dizendo que a análise quantitativa não de resultados ou não deva ser aplicada. Muito pelo contrário, os resultados desse processo são muito importantes e me proponho a discuti-los em outro artigo. Porém, em minha opinião, você já consegue ótimos resultados e benefícios se identificar o maior número possível de oportunidades e ameaças para seu projeto.

Você pode ter feito um excelente trabalho no detalhamento do escopo do projeto e dedicado tempo suficiente para realizar todos os processos de planejamento, definindo as entregas do projeto, as atividades necessárias para sua realização, sua sequencia correta, e os recursos e estimativas de duração e custo. Mas, se não fizer pelo menos uma análise de riscos, por mais simples que seja, vai passar boa parte do seu tempo, durante a execução do projeto, apagando incêndios.

Isso posso lhe garantir! Quer saber por que tenho tanta certeza? Porque os riscos existem e estão presentes em todos os projetos, durante todo o seu ciclo de vida, tenha você os identificado, ou não. Então, quanto mais você os conhecer e estiver preparado para eles, melhor será o seu desempenho na condução da execução do projeto. A boa notícia é que você já faz isso na maior parte da sua vida. Reflita um pouco. Você seria capaz de fazer uma viagem, para um lugar desconhecido, sem antes pensar nos riscos envolvidos? Ou ir para uma reunião com o seu gerente, num cliente importante, sem se preparar com antecedência?

Você não precisa desenvolver sofisticados modelos matemáticos e fazer complicadas simulações para ter bons resultados no gerenciamento de riscos. Na semana que vem vou falar sobre os processos de risco e te mostrar como você pode aplica-los, de uma maneira simples, e ainda assim colher resultados satisfatórios, que o ajudem a conduzir a execução do seu projeto com eficiência e alto desempenho.

Ah! Ia quase me esquecendo. Se você é como eu, e 80% da população do mundo, provavelmente pensou somente em ameaças durante quase todo o tempo que investiu lendo e refletindo sobre esse texto. Comece a mudar e se acostumar a pensar positivo e em oportunidades! Isso será muito importante, não só profissionalmente gerenciando projetos, como em todos os outros aspectos da sua vida.

Até a próxima. Tenha uma ótima semana!

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida faça contato:

alexandrezoppa@yahoo.com.br

Skype: azoppa

Cel: 11 99272-8307

Referência Bibliográfica:

Project Management Institute, A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide) – Fifth Edition. USA: Project Management Institute, Inc., 2013.

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Alexandre Zoppa

Profissional sênior, certificado PMP e MSP, com vasta experiência na área de Gestão de Portfólios, Programas e Projetos de Mega-projetos e Programas complexos e multidisciplinares.

Competências sólidas em gestão, coordenação, planejamento e controle de projetos, liderança de equipe e comunicação, adquirida através de experiência como PMO, Gerente de Projetos, Coordenador de Planejamento, Gerente de Engenharia e Tecnologia e Especialista em Implantação de Projetos.

Experiente em técnicas de gerenciamento de Mega-projetos, incluindo planejamento e controle, programação, gerenciamento de contratos, análise de risco, relatórios, gerenciamento de custos, gerenciamento de restrições, análise de sinistros e outros, e no desenvolvimento e implementação de metodologias de gestão de Programas e Projetos, com base no PMI e nas Melhores Práticas da Axelos, através da implantação de PMO, para acompanhar a execução de Projetos e a gestão e monitoramento de Programas e Portfólios.

Engenheiro eletrônico formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP e com aperfeiçoamento em Gerenciamento de Projetos pela George Washington University, é instrutor em Gerenciamento de Projetos e colunista dos sites PMKB e Arbache.

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