O Brasil vem sendo percebido como uma oportunidade de crescimento para empresas provenientes de diversos países imersos em crises econômicas. O motivo dessa percepção está no crescimento econômico do país e, consequentemente, no crescimento da renda da população. Hoje, o Brasil tem o sexto maior PIB nominal do planeta. Há, ainda, uma expectativa de que seja o quinto no final de 2012.
O crescimento da renda reflete no índice GINI[1] que, segundo o Centro de Políticas Sociais da FGV (CPS/FGV), caiu de 0,596, em 2001 para 0,519, em janeiro de 2012, no Brasil; uma queda de 12,9%. O GINI nos Estados Unidos é de 0,469 e na Suécia, de 0,25. De acordo com a CPS/FGV, a renda dos 50% mais pobres no Brasil cresceu quase seis vezes (580%) mais rápido, do que a renda dos 10% mais ricos na década passada. As classes A, B e C somadas saíram de 49% da população total do Brasil, em 2003, para mais de 62% das famílias, em 2012.
Crescimento da renda se traduz, entre outras coisas, no aumento do consumo. De acordo com a Fenabrave[2], o crescimento da frota de automóveis no Brasil, por exemplo, cresceu, em média, 10% nos últimos quatro anos. Porém o crescimento da frota sem o investimento proporcional em infraestrutura gerou aumento de congestionamentos acima das médias e, logicamente, diversos problemas à população.
A falta de investimento em infraestrutura vem reduzindo a capacidade de atendimento dos aeroportos brasileiros. Com mais renda e oferta de crédito, houve uma migração das viagens de ônibus para o avião. Os passageiros saltaram de 71 milhões, em 2003, para quase 180 milhões em 2011; crescimento de 154%.
A qualidade da infra-estrutura brasileira vem piorando em relação ao resto do mundo. O país caiu vinte posições no ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial – de 84º para 104º lugar – em 2011. Já havia perdido colocações em 2010 por causa da lentidão do governo em implementar projetos de infra-estrutura. Segundo a LCA Consultores, em uma escala de1 a7 em qualidade de infra-estrutura, o país teve nota 3,4 – conceito esse que está abaixo da média mundial que é de 4,1.
Ao comparar a oferta de infra-estrutura e a demanda por ela, percebe-se uma equação que pode fragilizar o crescimento do país. Quando a oferta excede à procura, seu preço tende a cair, porém quando a procura excede a oferta, os preços crescem. A escassez de oferta de infra-estrutura gerou aumento de custos produtivos, ineficiência e, por fim, da inflação.
O Brasil tem, em sua memória recente, o histórico dos planos econômicos fracassados para debelar a inflação. A estabilização da moeda brasileira é uma conquista que tem como uma das conseqüências, o crescimento da renda e o enriquecimento da população.
A falta de investimento em infraestrutura pode frear o crescimento econômico e levar o país a uma depressão em um espaço de tempo muito menor do que aquele que o país levou para alcançar seu status atual. O investimento em infra-estrutura é urgente e crucial para o país continuar na rota de crescimento onde se encontra. Esse é um papel que cabe ao governo e empresas implementar, e à população cobrar.
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