Os Jogos de Negócios podem ser construídos de duas formas. A primeira é totalmente cartesiana e booleana, aproximando-se de um QUIZ, em que são apresentadas perguntas e escolhe-se uma das repostas diretas relacionadas ao questionamento. Este modelo não é considerado por muitos como um jogo, porém se for usada uma simulação no processo de escolha das perguntas e respostas, aproveitando o desempenho dos participantes, pode-se fazer com que o processo de aprendizado siga a capacidade cognitiva do indivíduo, sendo acelerado ou retardado de acordo com a curva de aprendizado desenvolvida individualmente. A consequência deste tipo de ação permite que o QUIZ seja customizado para cada pessoa que estiver participando do treinamento. Porém ainda assim este modelo não tem uma das principais características de um jogo que é a competição.
Para que um QUIZ passe a ser competitivo, é necessário que os participantes concorram uns com os outros. Desse modo, durante um treinamento com QUIZ, pode-se fazer esta competição avaliando variáveis como “quantidade respondida corretamente” versus “o tempo de respostas”. Se este procedimento gerar um score, certamente os mesmos poderão ser comparados determinando um vencedor. Isso proporcionará a continuidade da participação de muitos, porém também pode trazer apatia no momento em que alguém perceber que está em uma posição sem possibilidade de recuperação.
Esta simulação é recomendada para áreas mais operacionais ou para ensino mais técnico, preparando os profissionais com conceitos mais concretos e pouco abstratos, possibilitando o aumento de sua produtividade e efetividade em seu trabalho diário dado o aumento de seu conhecimento para executá-lo.
Tal modelo ainda pode ser aperfeiçoado valendo-se das técnicas que melhoram o processo cognitivo do indivíduo, apresentando as perguntas ou os cenários que contextualizam as mesmas, por exemplo, com filmes ou animações. A utilização de filmes proporciona estímulo audiovisual que ajuda a manter o aprendiz atento, incentivado e interessado, maximizando o processo de aprendizado. Outro ponto importante é o fato de os filmes estimularem o pensamento filosófico, permitindo, assim, o aumento da abstração e, consequentemente, a visão além da simples teoria.
A outra forma de construir um Jogo de Negócios é buscando utilizar mais profundamente os conceitos da teoria dos jogos, amplamente estudado pelo matemático americano e Nobel em Economia, John Forbes Nash Jr. Este modelo busca criar cenários complexos, inserindo os participantes em um ambiente fictício, que simula o seu dia a dia, testando suas habilidades no processo de execução das tarefas, pensamento abstrato, reações a mudanças de cenários e a pressão por resultados.
Este processo vivencial permitirá que sejam testadas ideias, percepções ou teorias que, anteriormente, ficavam no conhecimento tácito dos indivíduos, ou seja, aquele que ele adquiriu ao longo da vida, que forma o que chamamos de “conhecimento de mundo”. Geralmente, esse conceito é difícil de ser formalizado ou explicado para a outra pessoa, pois é subjetivo e inerente às habilidades humanas.
Com os Jogos de Negócios, há a possibilidade de ampla aplicação da gestão do conhecimento, possibilitando a explicitação dos conhecimentos tácitos, transformando os conhecimentos individuais em coletivos. Este processo permitirá a disseminação das informações, teorias e processos que antes eram propriedades de poucas pessoas. Portanto, além de ensinar novas teorias, os Jogos de Negócios disseminam o conhecimento.
Eles ainda permitem que sejam simuladas as ações dos concorrentes e suas consequências nas empresas e no mercado, pois como cada grupo representa uma empresa, a tendência é que, segundo a teoria de Jogos de Negócios de Nash, a ação de uma equipe, que também é denominada de agente econômico, poderá gerar uma mudança no mercado como um todo. Como a ação de um grupo de jogadores tende a influenciar diretamente no resultado do outro, há a possibilidade de criar uma série de cenários que se aproximem da realidade. Este modelo permite certa aleatoriedade ao jogo, se o mesmo for comparado a outro realizado com equipes diferentes, possibilitando que cada partida seja única, simulando cenários reais e com possíveis ocorrências de nosso dia a dia.
Um jogo deverá ser estruturado intrinsecamente dentro de um cenário específico, formulando modelos que atendam a uma realidade e suas possíveis combinações, criando fatos diversos.
As simulações permitem gerar ocorrências que são impossíveis em um modelo tradicional de ensino. Pode-se, por exemplo, simular em um jogo o aumento de condições extremamente adversas, modificando variáveis em níveis impensáveis, como, por exemplo, subir a inflação e o cambio para níveis extremos, gerando uma crise que pode levar o país fictício a uma depressão. Este procedimento prepara o profissional para pensar soluções além das previstas, permitindo a ele extrapolar suas ideias e preparar-se para os mais diversos tipos de eventos.
Em cenário de competição global intensiva, simular a realidade faz mais do que sentido. Em um mercado onde as fronteiras passaram a ser apenas linhas em um mapa torna-se primordial perseguir produtos, preços, serviços, marcas e estratégias com uma diversidade jamais vista anteriormente. Os “produtos” oferecidos estão cada vez mais próximos quando se trata de inovação, de qualidade e de forma de comunicação. Torna-se mais complexo determinar um diferencial que proporcione a uma empresa ser mais competitiva que outra.
Fazer com que os profissionais vivenciem estes cenários é fundamental para que os mesmos possam achar soluções, gerar ideias ou mesmo antecipar ações de concorrentes.
Preparar o staff com o uso de Jogos de Negócios é uma metodologia precisa e assertiva para garantir a percepção de um mercado cada vez mais complexo, mais incerto e mais concorrido.
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