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“Raio X” da Bioenergia

Antes de delinear títulos mais exclusivos, já que este é o primeiro texto relacionado à Bioenergia neste canal, precisamos montar o cenário com dados mais lacônicos trazendo melhor entrosamento aos nossos leitores.

Uma das formas para incluí-los no meio é dando um diagnóstico, um “raio X”, dos números que hoje representam o Etanol, Açúcar e a Bioenergia.

Produz-se mundialmente em torno de 175 milhões de toneladas de açúcar e 105 bilhões de litros de Etanol por ano e, nós (Brasil) representamos significativamente na soma destes números tão “massivos”. O consumo é praticamente tão grandioso quanto essa produção, entendam, portanto, que os estoques de passagens são baixíssimos.

Bom, no Brasil, alcançamos em torno de 430 unidades produtoras de Etanol e Açúcar, o PIB setorial é de US$ 48 bilhões, sendo US$ 15 bilhões originárias da exportação.

  • No açúcar trazemos 20% da produção mundial, e 50% das exportações mundiais do produto;
  • Também possuímos 20% da produção mundial do Etanol, com 20% das exportações mundiais.

É claro que a cada safra sofremos variações nos números, e isso acontece por conta de fatores climáticos, os quais interferem diretamente no resultado final dos números e análises, mas de forma macro vamos continuar com estes números para ingressar.

A matriz energética brasileira recebe elogios de todo o mundo pela boa utilização das fontes de energias renováveis. 47% de toda energia utilizada aqui vem de fontes renováveis. Outro dado interessante é que a cana-de-açúcar é a segunda maior fonte de energia do país, respondendo por 18% de toda energia consumida.

O bioetanol de cana-de-açúcar, em seu balanço energético, é de verdadeiramente uma alternativa disponível, e poderia continuar expandido com grande celeridade em muitos países, já que sob a ótica do ciclo de vida no Brasil o bioetanol que estamos falando é capaz de reduzir em até 90% as emissões de GEE (gases de efeito estufa) quando comparamos com a gasolina.

Se todos os números são tão perfeitos o que acontece? Por que não somos maiores? Por que não produzimos mais?

De fato, o Brasil cresceu aceleradamente na ultima década, veio com uma evolução em 10% ao ano depois da injeção “flex” de 2003. Mas surgiram 3 complicadores principais para desacelerar logo após a crise financeira de 2008, que foram: aumento nos custos de produção atrapalhando a competitividade frente a gasolina; e os investimentos que foram reservados à compra de empresas com problemas financeiros/de gestão; e ainda outro complicador não diretamente ligado a crise, que foram os graves problemas climáticos em consecutivas safras.

Observar o conteúdo diante de um olhar um pouco mais crítico e encontrar opções não é uma tarefa fácil, pois o imediatismo está distante, ainda assim é preciso citar quais as ações mais interessantes para reencontrar a competitividade:

  • Incentivos a novos projetos (greenfields);
  • O tão falado marco regulatório, com políticas públicas e tributárias fundamentadas na importância dos benefícios em comparação à tecnologia que utilizamos hoje;
  • Incentivo a bioeletricidade com aproveitamento da biomassa;
  • Investimento em inovação e tecnologia;
  • Planejamento da matriz energética direcionando o crescimento;

O direcionamento de todo esse consumo é “condutivo”, e não é “arbitrativo”, muito embora o consumidor final tem em mãos a decisão de abastecer o carro com etanol ou gasolina, a grande massa se reserva a opinar pela economia. A condução dessa matriz ainda está em maturação, precisamos contar com massa crítica e políticos envolvidos em decisões conscientes para que realmente tudo faça sentido e se inicie um conceito sustentável “praticante”.