Empreendedorismo e Inovação Logística e Infraestrutura

O que é a Logística: Artigo 5 – Como a Logística Pode Dar Suporte à Inovação e ao Aumento do Mix de Produtos?

É certo que um público consumidor, principalmente os novos entrantes, quer cada vez mais novidades, pois comprar passa a ser mais do que a busca de satisfazer as necessidades, é um processo de satisfação pessoal e aquisição da experiência de comprar.

 No Artigo 4, foi realizada uma comparação entre duas categorias de marcas de roupas unissex, com o objetivo de compreender como a logística pode dar suporte às mesmas. Alguns pontos foram avaliados resultando em algumas conclusões, sendo elas:

1.    Produtos e serviços direcionados a classes sociais mais próximas à base da pirâmide possuem as seguintes características:

a.    DISPONIBILIDADE;

b.    MIX DE PRODUTOS grande;

c.     INOVAÇÃO frequente.

CONCLUSÃO: É necessário constituir estoques buscando garantir Alto Nível de Serviço Logístico (mais informações a respeito de alto nível de serviço ver no Artigo 1 e problemas em constituir estoque, no Artigo 2). A logística passa a ser intensiva e com alta frequência, pois é necessário abastecer os Pontos de Vendas (PDV) que, em geral, possuem alta capilaridade, com mais constância aumentando a complexidade do processo distributivo. A gestão do estoque deverá ter mais controle e monitoramento devido ao alto mix de produtos, evitando entregas erradas ou mal balanceados, deixando o PDV com pouca variedade de produtos.

2.    Produtos e serviços direcionados a classes sociais mais próximas do topo da pirâmide possuem as seguintes características:

a.    A DISPONIBILIDADE não necessita ser alta;

b.    MIX DE PRODUTOS é pequeno;

c.     A frequência de INOVAÇÃO se restringe a poucos itens.

CONCLUSÃO: Os estoques tendem a ser menores, com maior facilidade de gerenciamento, possibilitando melhor gestão na logística. Porém se o giro não for o esperado, devido aos altíssimos preços por produto, o custo de oportunidade, causado pelo capital imobilizado nos itens armazenados, deverá crescer muito.

      Para aprimoramento da gestão relacionado aos dois tipos de empresas, deve-se adotar, para minimizar a complexidade da gestão logística, dois procedimentos no abastecimento das empresas: a adoção de Produção Puxada ou Produção Empurrada. Na Produção Puxada, há a redução do estoque à medida que se aproxima do mercado consumidor, ou seja, quanto mais a jusante, menores serão os volumes de estoques. Na Produção Empurrada, a tendência é manter proporcionalmente a mesma quantidade de estoque ao longo de toda a cadeia produtiva. A comparação poderá ser vista na Figura 1, a seguir:

 

 Como pôde ser observado na Figura 1, os estoques na Produção Empurrada tendem a serem proporcionais em toda a cadeia produtiva, migrando de matéria-prima para produto acabado ao longo do processo de transformação. Já os estoques na Produção Puxada tenderão a ser ampliados quanto mais próximos estiverem da montante da cadeia, isto é, no início dela.

A manutenção dos estoques na Produção Empurrada visa atender ao Alto Nível de Serviço Logístico, ou seja, buscará garantir a disponibilidade do produto. Ele é destinado a empresas que atendem clientes situados na base da pirâmide de classe social.

Os estoques na Produção Puxada tenderão a inexistir a jusante da cadeia, porém ela poderá crescer a partir da manufatura e ir aumentando em direção a montante. O motivo pelo qual deverá existir estoque de matéria-prima é reduzir o lead time a partir do pedido de um produto para a manufatura. Se a cadeia estiver totalmente desabastecida, o tempo necessário entre o pedido e a entrega será extremamente longo, o que irá gerar possibilidade de perdas de vendas. Portanto é necessário avaliar qual o tempo máximo que um cliente conseguirá aguardar após a efetivação de seu pedido e qual deverá ser a quantidade demandada associada às sazonalidades. A partir deste tempo, será possível dimensionar os tamanhos das matérias-primas entre a Manufatura e o Fornecedor Primário. Para a Produção Puxada, em geral, não haverá o distribuidor, portanto, a cadeia tenderá a ser mais curta, reduzindo, assim, o número de processos e, consequentemente, o tempo necessário para o deslocamento entre a manufatura e o PDV.

A adoção de Produção Puxada, quando a cadeia é direcionada para produtos de grife, geralmente é a mais adequada, pois garantirá os seguintes benefícios:

  1.     Redução do Custo de Oportunidade, uma vez que inexistem estoques no PDV eliminando a imobilização de capital em produtos acabados. Será investido em manutenção de estoques apenas para matéria-prima, que reduzirá os custos, pois não agregará diversos processos produtivos que ocorrerão ao longo da cadeia produtiva.
  2.    Redução do Risco de Obsolescência. O ciclo de vida irá ocorrer apenas para a matéria-prima, que tem, em geral, um ciclo mais longo que o produto, pois poderá ser readequado suprindo as tendências de mercado.

A adoção de Produção Empurrada, quando a cadeia é direcionada para produtos de massa, tende a ser a mais adequada, uma vez que garantirá os seguintes benefícios:

  1.    Alto Nível de Serviço Logístico, pois para este segmento o cliente normalmente escolhe os produtos que estão disponíveis.

A gestão das cadeias, quando bem dimensionadas, provavelmente garantirá maior rentabilidade para todos no processo produtivo, no entanto, para garantir a assertividade, é necessário saber o que é logística.

No próximo artigo, será analisada a importância da Matriz BCG associando-a com o ciclo de vida para a gestão logística.

Fernando Arbache

Fernando Arbache

Mestre em Engenharia Industrial PUC/Rio. Independent Education Consultant working with MIT Professional Education. Graduado em Engenharia Civil, UFJF. Data and Models in Engineering, Science, and Business/MIT, Cambridge, MA (USA). Challenges of Leadership in Teams/MIT, Cambridge, MA (USA). Data Science: Data to Insights/MIT, Cambridge, MA (USA). AnyLogic Advanced Program of Simulation Modeling/Hampton, NJ (USA). Experiência Acadêmica: Educational Consultant working with MIT. Instructor in Digital Courses at MIT Professional Education in Digital Transformation and Leadership in Innovation. Atuou cimo coordenador da FGV em cursos de Gestão. Atuou como professor FGV, nas cadeiras e Logística, Estatística, Gestão de Riscos e Sistemas de Informação. Professor da HSM Educação, IBMEC e FATEC. Livros escritos: ARBACHE, F. Gestão da Logística, Distribuição e Trade Marketing. São Paulo: Ed. FGV, 2004. ARBACHE, F. Logística Empresarial. Rio de Janeiro: Ed. Petrobras, 2005. ARBACHE, A. P. e ARBACHE, F. Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos. São José do Rio Preto- SP: Raízes Gráfica e Editora, 2012. Pesquisa: Desenvolvimento de modelos de mapeamento de Competências Comportamentais e Técnicas, por meio de gamificação com uso de Inteligência Artificial, utilizando Deep Learning e Machine Learning (http://www.arbache.com/mobi). Programa de Inovação com 75 cooperativas de diversas áreas de atuação e aproximadamente 500 participantes, com Kick-off no MIT PE (http://www.arbache.com/inovacoop). Desenvolvimento de Inteligências nos dados e métricas - Big data e precisão nas tomadas de decisões na gestão de pessoas. Experiência Profissional: CIO (Chief Innovations Officer) da empresa Arbache Innovations especializada em simulação, inovação com foro em HRTech e EduTech – empresa premiada no programa Conecta (http://conecta.cnt.org.br) como uma das 5 entre 500 startups mais inovadoras da América Latina. Acelerada pela Plug&Play (https://www.plugandplaytechcenter.com) em Sunnyvale, CA – Vale do Silício entre novembro e dezembro de 2018. Desenvolvimento de parceria com o MIT – Massachusetts Institute of Technology para cursos presenciais e digitais – http://www.arbache.com/mitpe, https://professional.mit.edu/programs/digital-plus-programs/who-we-work & https://professional.mit.edu/programs/international-programs/who-we-work

Deixe seu comentário

Clique aqui para publicar um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.