Segundo dados da OCDE e WEPS/ONU Mulheres, já passou da hora de agir e evitar possíveis consequências às mulheres no mundo do trabalho.
Introdução
Ao ler os documentos globais que refletem o cenário que vivemos e algumas previsões futuras, vemos que é preciso ter maior responsabilidade e conhecimento para lidar com o que há por vir.
Queda na economia
A OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, publicou relatório com dados que mostram a recuperação, desigual e lenta, para a economia mundial. A pandemia levará a uma queda da economia de até 6% em 2020 e pode chegar a 7,6%, caso ocorra outro ciclo de contaminação.
A recuperação será longa e deverá incentivar os esforços dos governos para não tornarem seus efeitos ainda mais profundos. Para os BRICS (AYUSO, 2020) a pressão será ainda mais forte, devendo atingir cerca de 7,4 % do PIB no Brasil e, se ocorrer o duplo estágio de contaminação, pode atingir 9,1% em 2020.
O relatório apresentado pela OCDE alerta que: “Os Governos devem aproveitar esta oportunidade para desenhar uma economia mais justa e sustentável, melhorando a competitividade e as regulações, modernizando os impostos, o gasto e a proteção social” (AYUSO, 2020, p. 01).
Consequências
A situação inédita e desafiadora deve favorecer o surgimento de “políticas extraordinárias”, mobilizando governos em ações mundiais, principalmente voltando as atenções para os mais vulneráveis.
Os Principios do Empoderamento das Mulheres (WEPs) – ONU Mulheres, publicaram artigo demonstrando que as mulheres são parte desse grupo de vulneráveis, que serão fortemente atingidas pelos efeitos colaterais da economia pós-pandemia (WEPs, 2020).
A pressão instalada por esse cenário amplia as desigualdades e multiplicam as formas de discriminações a serem enfrentadas pelas mulheres. A crise move a pressão social para o mundo do trabalho e ameaça empregos e a sobrevivência delas, levando-as para setores informais, precários e de baixa renda.
Na Europa cerca de 25% das mulheres empregadas estão em trabalhos precários. Para romper esse ciclo danoso e diminuir os impactos, os WEPs mostram que as empresas precisam fazer mais quando o assunto é reverter esses impactos no mundo do trabalho.
Na perspectiva dos WEPs elas podem usar recursos diferentes para reduzir essa desigualdade, tais como:
- usar seus recursos para informar a respeito da pandemia e oferecer suprimentos e equipamentos para a proteção e o combate do Covid-19 dando condições de trabalho para todos;
- oferecer acordos flexíveis, licença médica e garantir a proteção à renda e prestação de assistência médica infantil, para os filhos das trabalhadoras que estão na linha de frente.
O documento aponta que os governos e as empresas precisam mitigar o impacto desses riscos e a vulnerabilidade específica das mulheres, uma vez que ainda enfrentam estereótipos enraizados na sociedade.
As demissões que acontecem hoje, serão sentidas ao longo dos anos e marcaram também todas as cadeias de suprimentos globais, particularmente onde estão ocorrendo os epicentros da pandemia.
Os efeitos para as mulheres serão sentidos de diferentes modos, sendo esses: as preocupações com a saúde, a segurança em relação a renda, o cuidado com a família, a maior exposição a violência doméstica, ao desemprego, a trabalhos precários e inseguros e com maior renda levando-as para mais perto da pobreza.
As empresas devem garantir uma representação igual das mulheres em todo o planejamento de resposta ao risco da pandemia e também devem promover mudanças que incentivem maior igualdade abordando as questões de assistência remunerada e não remunerada.
Os CEOS devem declarar publicamente o seu compromisso e o compromisso de sua equipe executiva de lidar com as desigualdades de gênero, particularmente durante a epidemia.
Outra ação importante das empresas é garantir que haja diversidade e que as vozes das mulheres tenham espaço importante nas forças-tarefas e que possam ser envolvidas nas tomadas de decisões. Além de ações que dão suporte ao trabalho nesse período como: o apoio ao trabalho remoto, atenção nas questões de infraestrutura e tecnologia, ações de comunicação transparente e suporte emocional e de acolhimento para todos.
Conclusão
Ao iniciarmos esse texto, trouxemos as reflexões de dados que nos mostram que a realidade, pode ficar ainda mais dura do que a que estamos vivendo. Os dados indicaram que os mais vulneráveis serão afetados, em grande medida, com os efeitos da pandemia.
Isso foi mostrado intensamente pelos aspectos levantados pelos WEPs (2020), ao alertar que as mulheres fazem parte desse grupo de vulneráveis e podem sofrer drasticamente com os resultados que a economia global apresenta hoje e irá apresentar no pós Covid-19.
Os governos e empresas precisam estar juntos na jornada para evitar que mulheres sejam retiradas do mundo do trabalho, ou relegadas para trabalhos informais e precários que as direcionam para a pobreza e aprofunda a desigualdade. O que precisa ser evitado já está posto, agora é fazer com que governos e empresas direcionem ações efetivas para isso!
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Referência Bibliográfica:
YAUSO, Silvia. OCDE prevê recuperação lenta e desigual da economia mundial depois da crise do coronavírus. El País. Acesso em junho de 2020.
WEPs. Covid-19 and gender equality: a call to action for the private sector. Acesso em junho de 2020.
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A autora:
Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) – Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA FGV. Sócia-diretora da HR Tech Arbache Innovations, responsável pelas ações de Recursos Humanos, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade, Gamification e People Analytics. Fundadora da página de empoderamento feminino “Mundo Melhor” e do Coletivo HuBMulher Brasil/Portugal – Parceira WEPS/Pacto Global. Pesquisadora e autora das obras “Projetos sustentáveis: Estudos e práticas brasileiras” (2010), “Projetos sustentáveis: Estudos e práticas brasileiras II” (2011), “Sustentabilidade empresarial no Brasil: Cenários e projetos” (2012), “A crise e o impacto na carreira” (2015), “O RH transformando a gestão – Org.” (2018) e “Carreira Feminina” (2020). Certificação em coaching e mentoring de carreira para executivos. Criadora do programa Get Songs de acompanhamento de carreira/Pearson. Mentora voluntária PMI/SP. Editora, colunista e gestora blog arbache.com/blog e palestrante em encontros nacionais e internacionais.
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