Empreendedorismo e Inovação Gestão de Projetos

Inovação é Uma Só Ou Tem Várias? Conheça os Tipos de Inovações.

No final dos anos noventa e inicio dos 2000, vivi intensamente o movimento de empresas de TI, que nasciam sob o guarda-chuvas de uma incubadora de empresas”.

Por Profa. Dra. Ana Paula Arbache

Tenho acompanhado o surgimento e o desenvolvimento de alguns processos inovadores. Seja como empresária nos diversos encontros promovidos para apresentação de novos negócios (star-ups), seja como avaliadora em premiações, seja como participante e desenvolvedora de equipes em encontros promovidos para jovens empreendedores, seja acompanhando o andamento em aceleradoras de novos negócios, seja como mentora de jovens empreenderes ou em plataformas de crowdfunding. O mais interessante é deparar com uma multiplicidade de oportunidades, trazidas nas águas das correntes da inovação.

A maioria dos jovens hoje, buscam ter seu próprio negócio e se tornarem milionários, antes mesmos de completarem os 30 anos de idade. Digo hoje, mas posso ter me enganado!

No final dos anos noventa e inicio dos 2000, vivi intensamente o movimento de empresas de TI, que nasciam sob o guarda-chuvas de uma incubadora de empresas. Naqueles anos, trabalhei em uma editora virtual, que nasceu prodigiosa e, perdeu rapidamente seus dias de glória, quando estourou a “bolha da internet” e deixou um rastro de endividados e poucos milionários. Naquela época, nosso nível de maturidade para enxergar um projeto inovador não era satisfatório, mas já existia. No entanto, a sociedade ainda não estava preparada para entrar na onda da inovação – tudo ainda causava estranheza, como por exemplo: comprar ingressos para o cinema pela internet! Pois é, vivi esta primeira onda no celeiro da PUC/RJ (Incubadora Genesis – Papel & Virtual Editora)– em uma incubadora com capacidade de fazer vencedores, no entanto, com desafios maiores para tornar todos eles factíveis.

Hoje sim, vivendo novamente no contexto de uma star-up (Oghnus Learning With Hands), voltada para tecnologia/ Gamificação, reconheço que o nível de maturidade aumentou. O que contribui para isto foram anos de educação para a tecnologia, anos de novas ideias e demandas, uma sociedade mais plural, com capacidade de consumo e o mais importante: sedenta por inovação. Aliadas a este cenário, estão as lições aprendidas de quem já garantiu o sucesso lá fora, tornando tudo mais fácil por aqui – exemplo – o nível de confiança dos investidores anjos, para investirem em empresas com tais características e riscos associados. Claro que é uma simplificação que rascunho neste texto – imbricados nesta corrente há vários fatores, que podem ser pesquisado com maior profundidade.

O que me interessa é expor para os leitores que, inovar é mais fácil do que parece, Outro dia desses, em uma aula de metodologia de pesquisa para um MBA na FGV, um dos alunos me questionou: Profa. Inovação só é inovação se for radical? Criar algo do nada e ser inédito de tudo?

Ótimo questionamento para uma aula onde alio a ciência e o negócio, e onde demonstro o quanto importante é fazer da ciência, uma aliada ao cenário de negócios, por meio de projetos, processos, produtos, enfim, fazer com que os estudos científicos possam contribuir, sobremaneira, para a sociedade.

A partir daquele momento, relatei que era preciso pensar em como podemos inovar. Há diferentes níveis de inovação e para cada nível (ou tipo), há uma “entrega” também diferenciada – e é aí que “mora”  o bom de toda a estória!

Até pouco tempo atrás a inovação ficava restrita a um seleto grupo de pesquisadores, confinados em universidades e centros de pesquisa. Isto ainda ocorre, entretanto, os atores se alargaram – hoje posso ter uma ideia interessante e buscar rapidamente, uma plataforma de crowdfunding para financiar a confecção de um  protótipo e logo em seguida, com aprovação do público, posso gerar um bom negócio (vide o caso do Composto Soylent, que em menos de um mês arrecadou mais de 1 milhão de dólares e 100000 interessados no produto – InfoExame, Novembro de 2013, p. 39).

Isto chama a atenção para o seguinte: qualquer um de nós pode inovar! O que temos de fazer é delimitar como será esta inovação e, para isto, temos que conhecer os tipos possíveis de inovações e seus desdobramentos. Esta virada de chave nos dá, “literalmente”, o livre arbítrio para deixarmos de ser expectadores da “boa nova”, para nos tornarmos protagonistas da mesma. Isto sim, faz toda a diferença.

Para saber mais, vale conferir o que Freeman (1997 apud Tigre, 2006), classifica os tipos de inovações

  • Incremental: dada por melhoramentos e modificações cotidianas de layout, design, qualidade, arranjos logísticos e organizacionais e outras práticas. Não derivam necessariamente de atividades de P&D e dependem mais do aprendizado interno e de capacitação acumulada;
  • Radical: dada por saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos como fruto comum de atividades de P&D, pois dá um salto de produtividade que abre uma nova trajetória tecnológica;
  • Novo sistema tecnológico: dado por mudanças abrangentes que afetam mais de um setor e dão origem a novas atividades econômicas, estabelecendo novas relações da firma em caráter interno e externo;
  • Novo paradigma tecno-econômico: dado por mudanças que afetam toda a economia envolvendo mudanças técnicas e organizacionais, alterando produtos e processos, criando novas indústrias e estabelecendo trajetórias de inovações por várias décadas.

Para os interessados no tema, vale a pena pesquisar e conhecer a temática de modo aprofundado. No Brasil há interlocutores de diferentes instâncias e instituições, desde aqueles que se preparam para dar apoio a etapa inicial do projeto, até aqueles que promovem as grandes rodadas, para apresentação destes projetos aos investidores. Nada pode ser improvisado, por que em muitas das vezes, quem propõe a inovação somente terá cinco minutos para atrair o investidor e isto é decisivo para o sucesso do futuro negócio!

Fonte: TIGRE, P.B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.