Empreendedorismo e Inovação Sustentabilidade

Estágios de Sustentabilidade Nas Empresas Brasileiras: o Que Relata a Pesquisa Realizada Pela Fundação Dom Cabral e Baseada Nos Estágios de Cidadania Corporativa do Boston College BCCC

Em recente pesquisa desenvolvida pelo Centro de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, buscou-se avaliar a gestão empresarial considerando aspectos relacionados à sustentabilidade e conhecer o estágio de sustentabilidade, o qual encontram-se as empresas brasileiras de diferentes segmentos e portes. A iniciativa propôs trazer á tona o que as empresas têm realizado em relação a gestão de sustentabilidade.

A pesquisa teve como referencial teórico os “Estágios de cidadania corporativa desenvolvidos pelo Centro de Cidadania Corporativa do Boston College BCCC, e trabalhou com um conceito de “cidadania corporativa”, no qual as empresas devem possuir uma conduta ética, levando em consideração os interesses das pessoas, funcionários, comunidades, entre outros. Para o Centro, Cidadania Corporativa pode ser definida como “sinônimo de sustentabilidade”. (LAURIANO, 2012, p13-17)

Além de identificar os estágios, barreiras e desafios também foram investigados na pesquisa. Muitos foram os dados levantados e que contribuem sobremaneira para o conhecimento na área, bem como sinalizam para o seguinte apontamento: […] apesar de as empresas já possuírem equipes responsáveis pelas questões de sustentabilidade, ainda é preciso criar metas individuais para questões socioambientais”. (LAURIANO, 2013, 0.1).

Os estágios mapeados foram os seguintes: elementar, engajado, inovador, integrado e o nível mais elevador, transformador. Quando questionadas a respeito do conceito de sustentabilidade, as empresas revelam que possuem a percepção de que a sustentabilidade deve ser uma prioridade, no entanto, a maioria das respostas indicam que o estágio integrado é o predominantes nestas respostas. O que leva ao ponto seguinte, no qual somente 30 % as respostas indicaram que a sustentabilidade é parte integral do processo de planejamento dos negócios (Idem, p. 44).

Os pesquisadores ressaltam que é preciso inserir os colaboradores para que os mesmos possam se comprometerem com a gestão de sustentabilidade, pois é preciso alargar o compromisso individual, uma vez que somente 39% dos gestores, possuem metas individuais relacionadas a este ponto (LAURIANO, 2012, p44). Uma das reflexões trazidas á tona foi a necessidade de gestores individuais possuírem metas de performance relativas á responsabilidade ambiental com processos e produtos sustentáveis e com a comunidade.

Embora as empresas assumam metas globais no favorecimento de uma gestão sustentável, os dados evidenciaram que na gestão individual isto não se realiza, pois: “Essa característica mostra a necessidade de engajar todos os profissionais nas questões de sustentabilidade, e uma dissociação entre o que é proposto e o que é praticado”. (Idem, p.48).

Isto foi evidente na pesquisa, que demonstrou que 31% dos entrevistados indicaram que as empresas possuem metas e objetivos relacionados à educação, treinamento e carreira dos colaboradores. Em contra partida, somente 26% tem previsão de oportunidade de treinamento e desenvolvimento para empregados com menor remuneração.

O estudo informou que as empresas brasileiras estão em um estágio engajado de sustentabilidade (nível 2) – ou seja, as lideranças possuem uma atuação que considera alguns aspectos da sustentabilidade e modifica o papel da empresa. O gestor visa a manutenção e melhoria da reputação da organização, mas as mesmas ainda têm atitude reativa. A comunicação é limitada com os stakeholders e inexiste uma estrutura corporativa para lidar com as diversas demandas das partes interessadas. Entre os desafios que compõem este estágio estão os seguintes: criar capacidades internas que possibilitem uma comunicação efetiva com os stakeholders.

A partir do conhecimento do estágio o qual se encontram as empresas brasileiras, os pesquisadores alertam que “há uma dissociação entre a percepção e compreensão da sustentabilidade e sua gestão dentro das empresas” (LAURIANO, 2012, p.62). A falta de metas e objetivos claros também são fatores limitantes e, o apoio da liderança, é um dos fatores mais importantes para a concretização de estágios mais avançados para a gestão de sustentabilidade. Os líderes têm o papel de incentivarem os processos internos, além de possuírem o poder de tomada de decisão, “para que as organizações avancem nos estágios de sustentabilidade, é preciso que os líderes estejam à frente desse processo, o que não ocorre de maneira significativa”(Idem, p.61).

Leia Mais:

LAURIANO, Lucas Amaral. Onde estão as metas para a sustentabilidade nas empresas. Fundação Dom Cabral. In: http://www.fdc.org.br/pt/blog_sustentabilidade/Lists/Postagens/Post.aspx?ID=65. Acesso: 14/05/2013.

LAURIANO, Lucas Amaral, CARVALHAES, Eduarda, TELLO Rafael. Estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras. 1 Edição Relatório de Pesquisa. Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral. Nova Lima, 2012.

Sugestão de leitura:

ARBACHE. Ana Paula (org.). Sustentabilidade empresarial no Brasil: cenários e projetos. São José do Rio Preto: Editora Raízes, 2012.

 

Ana Paula Arbache

Ana Paula Arbache

Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology/MIT- Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA e Pós MBA da Fundação Getúlio Vargas. Orientadora e avaliadora de trabalhos de pós-graduação. Sócia Diretora da Arbache Innovtions, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios. Pesquisadora e autora das obras: A Educação de Jovens e Adultos Numa Perspectiva Multicultural Crítica (2001), Projetos Sustentáveis Estudos e Práticas Brasileiras (2010), Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras II (2011), Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos (2012), A crise e o impacto na carreira (2015), O RH Transformando a Gestão – Org. (2018). Certificação em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP. Curadora e Colunista do blog arbache.com/blog e Página Mundo Melhor de Empoderamento Feminino Arbache innovations. Fundadora do Coletivo HubMulheres. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.

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