Carreira Coaching

Entrevista: A Chegada De Profissionais Estrangeiros Com Qualificação Elevada Modifica O Cenário Nos Processos De Captação De Talentos No Brasil

estrangeiros

O cenário econômico global que presenciamos, está mudando a rota dos profissionais estrangeiros, que querem um “lugar ao sol”!

O Brasil tem sido ponto de chegada nesta rota. Com a economia aquecida e os altos investimentos em alguns segmentos, como a indústria, segmento do petróleo e gás entre outros, o país tem chamado a atenção daqueles que procuram sair da crise econômica que atinge alguns países da União Europeia, bem como aqueles refugiados ambientais que, buscam uma nova oportunidade para suas vidas.

Deste modo, como um país hospedeiro, o Brasil tem apresentado um número crescente de imigrantes estrangeiros, como indica a OIT (registro fonte abaixo). A OIT indicou que, estes números cresceram cerca de 25,9%, o que antes eram 56 mil  trabalhadores estrangeiros autorizados a trabalharem no país, em 2011 estes números saltaram para 70 mil.

Os estrangeiros e suas famílias já mudam os cenários das contratações de talentos no país. Com qualificação elevada e com expertise em algumas áreas específicas, estes profissionais chegam nas empresas com vontade de crescer e motivação de sobra para “mostrar serviço”. Como competidores, encontram lugar fértil, pois o Brasil precisa atender a demanda que o crescimento postula, em contrapartida, não possui talentos suficientemente preparados para abastecer tal demanda.

No mês outubro, conheci cerca de 5  profissionais estrangeiros nos bancos das salas de aula dos MBAs que leciono no Estado de São Paulo. Com a curiosidade de uma pesquisadora e profissional da área de recursos humanos, busquei conhecer a história de vida de um jovem profissional português, recém-chegado ao Brasil. Com simpatia, Francisco nos concedeu a gentileza de compartilhar um pouco do olhar de “quem está chegando”! Este olhar intercultural nos abastece de conhecimento e sabedoria, bem como tendo como objetivo favorecer ações coletivas e compartilhadas, capazes de trazer à tona o sucesso de todos nós.

Entrevista realizada no mês de Outubro de 2012 – São Paulo.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Nome e nacionalidade

Francisco: Francisco Ataíde Cordeiro, português

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Qual a sua profissão e quanto tempo atua na mesma?

Francisco: Engenheiro Civil (obras), 4 anos.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Qual a sua formação?

Francisco: Mestrado Integrado em Engenharia Civil. Cursando o MBA em Gestão de Projetos da FGV.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: O que o levou a vir trabalhar no Brasil?

Francisco: Em primeiro lugar a falta de oportunidades em Portugal na área de engenharias e construção, fortemente afetadas pela grave crise financeira. Em segundo lugar a oportunidade de voltar a estudar. O Brasil tem uma excelente oferta de cursos de pós graduação a preços bem acessíveis, comparados com outros países. Por último, a proximidade cultural (e linguística) do Brasil e Portugal.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Comente um pouco a respeito deste período de adaptação no Brasil? Tem alguma dica para aqueles profissionais que estão vivendo esta mesma experiência que você?

Francisco: Eu cheguei ao Brasil sem emprego certo mas motivado e preparado para a dificuldade que um estrangeiro tem em arranjar um emprego. Não vim simplesmente à procura de trabalho mas também para cursar o MBA em Gestão de Projetos da FGV. Penso que a realização de uma pós ou outro estudo avançado é uma boa porta de entrada no país, não só pelo aprendizado que se ganha mas fundamentalmente pelos contatos que se fazem. A adaptação tem sido boa mas não podemos nunca esquecer que estamos noutro país e, mesmo que socialmente seja parecido com Portugal, alguns costumes são diferentes.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Profissionalmente, quais os maiores desafios e como está fazendo para ultrapassá-los?

Francisco: O maior desafio tem sido adaptar-me ao contraste econômico entre o Brasil e Portugal. À diferença entre a austeridade de Portugal e abundância do Brasil. Penso que por vezes um crescimento econômico acelerado e desmedido pode levar à perda de competitividade (que pode ser uma barreira de desenvolvimento) e muitas vezes dificulta uma negociação. Acho que é mais um desafio de adaptação às regras e costumes do Brasil do que propriamente um desafio profissional.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Como você vê o momento o qual o Brasil está vivendo hoje em termos de mercado  e o que você acredita que seria interessante para os profissionais brasileiros  fazerem para aproveitarem este momento?

Francisco: Acho que o Brasil vive uma época favorável e boa para o desenvolvimento econômico. Existem muitas oportunidades e o desemprego jovem é baixo. Acho que seria interessante, e para quem tem possibilidade, estudar e aprimorar o conhecimento. Por outro lado, penso que o governo e a sociedade deveriam abrir mais o pensamento a questões de imigração de quadros qualificados para melhorarem e crescerem internamente. Veja-se o exemplo dos EUA, sempre “importaram” e facilitaram a entrada de mão de obra qualificada e hoje em dia as melhores universidades do mundo são americanas. Isto tem reflexo óbvio e comprovado na economia de um país.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: O que você espera realizar em sua carreira no Brasil?

Francisco: Sempre trabalhei em obras de construção civil mas tendo em conta a pós graduação que estou a fazer e o próprio panorama dinâmico de emprego do Brasil gostaria de experimentar outras áreas, como por exemplo, o ramo das energias.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Pretende voltar?

Francisco: Não num futuro próximo.

Dra. Profa. Ana Paula Arbache: Há alguma dica interessante para os leitores que você possa compartilhar a respeito daqueles que querem visitar o trabalhar em seu país de origem?

Francisco: Para trabalharem em Portugal o melhor é esperarem alguns anos e deixar que a crise passe. Portugal é um dos melhores países para férias na Europa. Uma boa altura para viajarem será no nosso verão, entre junho e setembro.

Francisco Ataíde Cordeiro.

São Paulo – SP

Francisco.ataide.cordeiro@gmail.com

Mestrado Integrado em Engenharia Civil na UniversidadeTécnica de Lisboa, Portugal (2002 – 2008)

MBA em GestãoEstratégica e Econômica de Gestão de Projetos FGV Management, São Paulo (cursando)

Engenheiro de obra na Somague Engenharia, Portugal (2008 – 2012)

Engenheiro de orçamento e planejamento na Engeark Construtora, São Paulo (atualmente)

Fonte: Em um ano, número de estrangeiros que vêm trabalhar no Brasi lcresce 25%, afirma OIT.http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/07/19/em-um-ano-numero-de-estrangeiros-que-vem-trabalhar-no-brasil-cresce-25-afirma-oit.htm, Acesso em 05 de novembro de 2012

Ana Paula Arbache

Ana Paula Arbache

Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology/MIT- Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA e Pós MBA da Fundação Getúlio Vargas. Orientadora e avaliadora de trabalhos de pós-graduação. Sócia Diretora da Arbache Innovtions, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios. Pesquisadora e autora das obras: A Educação de Jovens e Adultos Numa Perspectiva Multicultural Crítica (2001), Projetos Sustentáveis Estudos e Práticas Brasileiras (2010), Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras II (2011), Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos (2012), A crise e o impacto na carreira (2015), O RH Transformando a Gestão – Org. (2018). Certificação em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP. Curadora e Colunista do blog arbache.com/blog e Página Mundo Melhor de Empoderamento Feminino Arbache innovations. Fundadora do Coletivo HubMulheres. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.

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