Carreira Coaching

Entre O “Medo De Errar” E O “Errar Sem Medo”. Até Que Ponto Os Profissionais Podem Errar Em Suas Carreiras?

Minha visão mudou, minha postura mudou, hoje eu sei onde eu estou e isto faz toda a diferença. Eu sei onde eu quero chegar”. [ Coachee X – Extrato de sessão de coaching – Outubro de 2012]

Depois de muitas sessões de coaching e atuando com gerentes, diretores, vice-presidentes e presidentes de empresas, deparei-me com a recorrência dessa questão: Até que ponto nos permitimos errar?

Muitos deles, por ocuparem cargos que demandam maior robustez na tomada de decisão, imprimem uma gestão verticalizada, focada no resultado e em medidas disciplinares, um tanto discutíveis em alguns momentos. A rigidez no cumprimento das tarefas e no alcance dos resultados, acabam por sabotar outros aspectos que deveriam ser considerados, em um processo de gestão de carreira. Se, por um lado tenho este comportamento extremo, por outro, tenho profissionais que ainda não se deram conta de que, “errar é humano, mas continuar no erro é burrice” !

Estes profissionais acabam gerando uma confiança em torno de sua competência, para os diferentes públicos que relacionam com ele. Além de se “auto-sabotarem”, julgam o “mercado e as pessoas que fazem parte dele”, como pessoas injustas, que não o reconhecem, ou não o entendem, levando o foco do problema para “fora” de sua responsabilidade.

A auto-responsabilidade é o ponto de equilíbrio entre estes dois extremos. Somente um indivíduo com este senso de auto-responsabilidade desenvolvido, poderá ter o “bom senso” para discernir, onde e quando é possível errar, além de saber estrategicamente, gerenciar este erro!

Aqui instala toda a diferença entre ter, o “medo de errar” e o de “errar sem medo”.

O desenvolvimento do senso de auto-responsabilidade habilita o sujeito a enxergar o cenário no qual atua, além de localizar a sua posição neste cenário, levando a uma postura mais estratégica e focada, em torno da ação ou ambiente a ser manipulado.

O erro, a dúvida, a hipótese, existem para dar espaço a uma possível confirmação, ou não – são momentos que podem fazer emergir o acerto, a lição aprendida, o novo! Quando não damos espaço à dúvida, tiramos à oportunidade do acerto. Entretanto, estas reflexões não devem ser ingênuas e sim, amadurecidas e tratadas sob o ponto de vista de um processo, que, entre erros e acertos, haverá o mapeamento do chamado “perdas e ganhos”, ou tecnicamente na linguagem de gestão de projetos (PMBOK, 2008) podem passar pelo “gerenciamento dos riscos”.

Veja o seguinte caso :

 Eu acabei de ter duas propostas na mão. Tenho 25 anos, 2 anos de formado, trabalho em minha cidade natal  e atuo em uma empresa de médio porte, com possibilidade de crescimento em médio prazo.   Na semana passada, recebi uma proposta para trabalhar como engenheiro civil na Guatemala, na construção de uma usina hidroelétrica, com contrato de 1 ano de trabalho. Não seu se vou, estou com medo de não gostar e, depois, voltar sem trabalho para cá! [Extrato de conversa com Engenheiro Civil – Estado de Minas Gerais – Outubro de 2012]

No caso acima, o “medo de errar”, está paralisando o sujeito, não permitindo a ele, enxergar as positividades que a experiência intercultural poderá trazer para sua maturidade profissional e pessoal. É mais fácil listar os pontos negativos e deixar o “desafio” para debaixo do tapete!

Com 25 anos de idade, sem família, sem despesas pesadas no orçamento e com liberdade para ir e vir, o peso da tomada de decisão daquele sujeito, está instalada também do lado de fora. Veja que os pontos negativos são variáveis externas, cuja responsabilidade pela manipulação é plenamente do sujeito. Sendo assim, quando assumimos a “auto-responsabilidade” por nossas ações, essas passam a serem planejadas, organizadas e efetivadas conforme um plano estabelecido, capaz de parametrizar “perdas e ganhos”, além de mostrar novos caminhos!

O que não vale é continuar deixando, tanto o medo de errar e o errar sem medo, prevalecerem como as únicas saídas para a ação!

Ana Paula Arbache

Ana Paula Arbache

Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology/MIT- Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA e Pós MBA da Fundação Getúlio Vargas. Orientadora e avaliadora de trabalhos de pós-graduação. Sócia Diretora da Arbache Innovtions, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios. Pesquisadora e autora das obras: A Educação de Jovens e Adultos Numa Perspectiva Multicultural Crítica (2001), Projetos Sustentáveis Estudos e Práticas Brasileiras (2010), Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras II (2011), Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos (2012), A crise e o impacto na carreira (2015), O RH Transformando a Gestão – Org. (2018). Certificação em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP. Curadora e Colunista do blog arbache.com/blog e Página Mundo Melhor de Empoderamento Feminino Arbache innovations. Fundadora do Coletivo HubMulheres. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.

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