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O que aprendi sobre empreendedorismo na Hack Town

O que aprendi sobre empreendedorismo na Hack Town

Festival de inovação e criatividade acontece todos os anos em Santa Rita do Sapucaí,MG, um polo de pesquisa e tecnologia.

Comunicação e empreendedorismo estão na essência do festival Hack Town, que aproveita o ambiente de pesquisa tecnológica que fez de Santa Rita do Sapucaí/MG uma referência para o Brasil, para reunir pessoas das mais diversas áreas para se conectar, trocar experiências e colocar em prática ideias inovadoras.

O evento é inspirado no South by Southwest (SXSW), realizado em Austin (Texas), um festival de música que acabou se transformando em um dos mais ecléticos eventos do planeta dedicado à tecnologia, cultura e economia criativa.


Praça Santa Rita / Foto: Reberson Ricci Ius

Realidades sobrepostas

Em Santa Rita são mais de 200 palestras, debates, workshops, exposições e shows. Uma programação que dura 4 dias e os mais diversos espaços são aproveitados. Discussões acontecem em escolas, bares, restaurantes e até na frente do coreto, na praça central.

Logo na abertura, uma provocação trazida pela publicitária Ana Cortat, que passou pela Singularity University. Como “hackear o sistema” para que a tecnologia, de fato, seja usada para empreender em benefício de um mundo melhor para todos ?

Para ela, é preocupante imaginar as consequências do surgimento de tantas iniciativas tecnológicas que potencializam a acumulação de bens e o desperdício de recursos ao invés do uso mais racional, eficiente e até do compartilhamento deles.

Sabemos que a tecnologia é capaz de recriar o mundo, mudar decepções de realidade. Gera impactos nas relações interpessoais, de consumo, de participação política.

Ana está motivada a inspirar pessoas a tomar consciência da multiplicidade de realidades que tendem a se sobrepor (e não mais se suceder, como era no passado) e lidar com as complexidades decorrentes do atrito entre elas na hora de empreender.

Organizações exponenciais negociando com empresas tradicionais das mais diversas configurações. Reconhecimento da diversidade de gêneros e novos modelos de família. Formação educacional clássica e demandas de transdiciplinaridade para atuar no mercado de trabalho afetado por constantes e profundas mudanças.

Consciência das realidades

Para ela, ao termos contato com realidades diversas, mesmo que pelas redes sociais, estamos tomando consciência de conflitos com os quais não podemos deixar de lidar. Fugir do enfrentamento dessas complexidades, que podem envolver antigas crenças e novos valores, não é uma alternativa inteligente para quem precisa empreender nesse mundo em transformação.

Cortat acredita que as chamadas “novas realidades” do mundo contemporâneo, de fato não são novas, sempre existiram. “Apenas não eram vistas antes. A gente não sabia nada porque era possível escolher quais realidades podiam ser vistas”, avalia.

É fácil constatar que não fomos ensinados a lidar com situações em que tantas realidades estão em atrito, mas para Ana, “a fricção de realidades é a norma da atualidade” e temos que encontrar meios de, ao empreender, exercitar a empatia e o diálogo sem cair na armadilha do confronto.

O ímpeto natural, diante da crise de confiança em instituições supostamente habilitadas a mediar tensões sociais, é o de querer buscar um caminho de volta à uma condição de conforto, como se fosse possível abafar os conflitos que hoje saltam aos olhos de todos.

Publicitária Ana Cortat, em palestra no Hack Town 2017 / Foto: Reberson Ricci Ius

Será que a busca de segurança nos levaria ao objetivo de mudança, que os vários contextos exigem?

Nunca estivemos tão equipados, tecnologicamente, para lidar com complexidades. “Não podemos ceder ao medo do complexo”, recomenda Ana.

Também nunca tivemos tantas possibilidades de empreender na promoção de encontros, estabelecer diálogos e ampliar a consciência sobre tantas realidades. Mas contraditoriamente, tende a prevalecer a percepção de que ninguém está disposto a mudar de ideia.

Entre os caminhos que ela aponta, estão o diálogo pessoal, o autoconhecimento, a arte, a religião, a terapia… Recursos que possam auxiliar na identificação dos próprios medos, libertar de crenças limitantes e promover o contato com camadas ainda mais subjetivas e profundas de realidade.

A partir da complexidade interna, buscar os insights para lidar com as complexidades do mundo exterior. Apurar os sentidos. Olhar e aprender a enxergar. Ouvir e aprender a compreender e dialogar.

Em resumo, parece fundamental uma tomada de consciência sobre o valor do protagonismo individual para que as iniciativas de empreendedorismo usem com eficiência o conhecimento e a tecnologia para implementar soluções para os reais problemas da humanidade.

Participe e comente:

  • Você concorda com essa abordagem para lidar com as complexidades do nosso tempo ?
  • Tem outras sugestões para “hackear o sistema” ?

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