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Criatividade: uma das competências mais importantes para o mercado de trabalho no século XXI

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Ao assistir o filme Bohemian Rhapsody, percebemos que o processo criativo é fruto de trabalho duro e árduo e precisa ser nutrido com muita perseverança, obstinação e resiliência.

Introdução

Em uma das passagens do filme, Freddie Mercury e seus companheiros do Queen estão em uma fazenda para produzir o novo álbum para a gravadora no ano de 1975.

O Queen, se propôs a produzir algo completamente novo, ou seja, um som sem precedentes  que faria a fusão das referências da ópera com o rock n’ roll, assim, se colocou na zona turbulenta da criação.

Em uma das cenas do filme, os músicos tomam café na fazenda enquanto discutem as tentativas fracassadas de escrever letras inovadoras. A discussão é intensa e faz com que os músicos entrem em conflito. Freddie Mercury sai da cena e vai para seu piano compor.

Ele trabalha duro, escreve a letra da música, coloca o grupo para trabalhar e, para deixar a música perfeita, leva à exaustão o seu processo de criação e execução. A música criada por eles dá o nome ao filme e cria um som completamente inovador, com seis minutos de duração.

Antes de virar um sucesso, ela foi rejeitada pela gravadora, que julgou a criação um fracasso. Esse obstáculo não impediu que Freddie Mercury e a banda seguissem em frente. Eles trouxeram à tona resiliência e obstinação, presentes no comportamento dos criadores, e buscaram nas rádios o caminho para que a música ganhasse o mundo.

O espírito empreendedor e inovador fizeram do Queen umas maiores bandas da nossa história. Poderia ser mais um filme de música e de um cantor singular, mas é uma verdadeira lição aprendida, que reflete muito bem como criar, inovar e vencer no mundo pode ser um caminho não tão romântico e simples assim.

A criatividade como um diferencial

O filme é para nós um testemunho de que, quando falamos em criatividade e inovação, muitos são os mitos que precisam ser quebrados. A ideia de que a criatividade surge em um lampejo de inspiração ou em um toque de uma varinha mágica não é real para a maioria das pessoas criativas e inovadoras.

Pelo contrário: a trajetória de Freddie Mercury com o Queen, de Woody Allen com seus filmes, dos cantores sertanejos e seus hits mostram isso. O caminho é cheio de pedras e requer trabalho duro. A criatividade não é fruto de um pensamento instantâneo e isolado.

Ela é nutrida por pensamentos, reflexões, referências de estudos, pessoas que construíram nossa identidade, nossos gostos, nosso contexto e nossos desejos. A criatividade é o resultado do pensar, buscando-se construir um repertório que possa levar a algo criativo, novo e capaz de gerar um resultado extraordinário.

Kevin Ashton nos oferece um minucioso estudo a respeito da criatividade (2016). O criador da internet das coisas (IOT) – Internet of Things – nos consta como foi o seu processo criativo para trazer à tona essa inovação que muda a forma como vivemos e é uma das tecnologias disruptivas que integram a chamada Revolução Industrial 4.0.

Após tentativas fracassadas para resolver um problema de logística e abastecimento de um batom nas prateleiras do supermercado, ele foi criticado e teve suas ideias rejeitadas. Ao estudar e entender o problema que queria resolver, colocou uma antena na prateleira e um dispositivo no batom, e assim conseguiu criar algo completamente diferenciado e novo.

Dali, ele seguiu para o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), desenvolveu inovações e criou várias empresas bem sucedidas. Ele contribuiu para que você e eu pudéssemos ter recursos tecnológicos em nossas roupas, sapatos, carros, alimentos e muito mais.  Ao contar sua história, Ashton quebra vários mitos em relação à criatividade e ao processo criativo:

Mito quebrado nº1: 

A criatividade não é fruto de um momento mágico, romântico e de uma inspiração isolada. Ela é decorrente de trabalho duro, cheio de obstáculos no caminho e que requer do criador um esforço para seguir em frente quando tudo parece perdido.

Mito quebrado nº2: 

Não são apenas os gênios que criam. Todos nós temos capacidade criativa, e por isso podemos criar. Ao desmistificar isso, Ashton (2016) potencializa nos indivíduos a ideia de que a criatividade está presente em todos nós, e o que precisamos fazer é ativá-la, desenvolvê-la.

A capacidade de criar nos diferencia das outras espécies. A criatividade está à nossa volta. Temos um volume enorme de coisas criativas e inovadoras, e por isso ela não é somente uma competência dos gênios.

Mito quebrado nº3:

A criatividade não nasce da inspiração. A inspiração é algo externo e pode demorar a acontecer ou até mesmo não acontecer. A criatividade nasce da motivação intrínseca, de dentro de nós. É a motivação que nos leva a ter curiosidade para pensar diferente, resolver problemas e criar algo novo.

Quando estamos diante dos obstáculos é a motivação que ativa nossa autoconfiança, nos leva a seguir em frente e aciona a obstinação e a resiliência. Sem ela, o fracasso, o desafio de sair da página em branco e o medo da rejeição podem destruir a criatividade e o resultado que ela poderia gerar.

Freddie Mercury e Kevin Ashton não desistiram e nos ofereceram coisas extraordinárias, frutos de suas mentes curiosas e criativas. Eles nos mostram que o processo criativo ensina e alimenta o sucesso.

Conclusão

A criatividade é uma das competências mais importantes para viver nos tempos atuais. Mais do que nunca, é preciso criar e inovar.  Vivemos desafios diferentes e novos, e para superá-los precisamos também de pensar de novas formas e criar.

Referência Bibliográfica

ARBACHE, Ana Paula, ARBACHE, Fernando Arbache. As organizações e carreiras que não inovarem virão a óbito: entenda o por quê. Quais os argumentos e conceitos que suportam essa afirmação? Acesso em 03/04/2020. 

ARBACHE, Fernando. A diversidade e a criatividade. Acesso em 03/04/2020. 

ASHTON, Kevin. A história secreta da criatividade. São Paulo: Sextante, 2016. 

Ana Paula Arbache

Ana Paula Arbache

Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology/MIT- Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA e Pós MBA da Fundação Getúlio Vargas. Orientadora e avaliadora de trabalhos de pós-graduação. Sócia Diretora da Arbache Innovtions, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios. Pesquisadora e autora das obras: A Educação de Jovens e Adultos Numa Perspectiva Multicultural Crítica (2001), Projetos Sustentáveis Estudos e Práticas Brasileiras (2010), Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras II (2011), Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos (2012), A crise e o impacto na carreira (2015), O RH Transformando a Gestão – Org. (2018). Certificação em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP. Curadora e Colunista do blog arbache.com/blog e Página Mundo Melhor de Empoderamento Feminino Arbache innovations. Fundadora do Coletivo HubMulheres. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.

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