O que é uma REFLEXÃO CRÍTICA e como a mesma pode ajudar as pessoas em seu cotidiano? A Reflexão Crítica consiste em ir além da teoria; é, na realidade, vivenciar os processos
A Reflexão Crítica é tomar consciência, examinar, analisar os fundamentos ou razões de algo que iremos fazer ou mesmo do que os outros estão fazendo. Então podemos dizer que Refletir Criticamente é a atitude de investigar o que está se fazendo ou como, e mesmo por que, temos que proceder de uma determinada forma.
Porém para compreender o que é Reflexão Crítica e o porquê agir dentro de determinados procedimentos, é necessário conhecer, entender e criticar o ambiente sobre o qual está se estudando, o momento do estudo e ainda as pessoas que serão atores desta investigação. Então não se trata apenas de refletir, mas de refletir criticamente, ou seja, posicionar-se a respeito de um determinado fato com clareza. Ao fazer uma reflexão crítica, de forma assertiva, teremos maior probabilidade de estar capacitado a compreender melhor o que fazer, como fazer e em que momento fazer.
Ao entrar em uma empresa, por exemplo, para se desenvolver um trabalho, um consultor antes de emitir opinião ou solução necessita realizar um diagnóstico a respeito dos locais, cenários e/ou processos para, então, encontrar a solução para o problema apresentado. Ao delinear e compreender a cultura organizacional, este profissional passará a ter “tato” de como falar, com quem falar, como agir e quais os cuidados que deverão ser assumidos, para não gerar insegurança ou então não ser interpretado como uma ameaça pelos colaboradores da empresa contratante.
Entretanto, para ter Reflexão Crítica, é necessário ir além do conhecimento de uma teoria específica de um determinado procedimento. Ao avaliar a maioria dos profissionais, por exemplo, percebe-se a dificuldade do exercício da visão crítica, devido, na maioria dos casos, da superficialidade da percepção de um fato. A maioria das pessoas olha a ocorrência e não a causa da mesma, o que gera uma visão parcial a respeito do fato e não a percepção do ponto que o originou.
Podemos compreender este problema com a seguinte análise: se forem avaliadas as causas de uma crise financeira em um país, perceberemos que o que gerou este evento foi uma série de eventos que, em conjunto, geraram um fato, que é a própria crise. Podemos citar, como exemplo, a crise de 2008/2009 que teve amplitude global. Qual foi a causa dela? Na realidade, não foi UMA causa, e sim a conjunção de uma série de fatos. Para justificar um problema, em geral é eleito, pela mídia e pela população, um fato principal como propulsor, possibilitando a compreensão genérica do problema vivido. A crise financeira de 2008/2009 ficou conhecida como “crise dos subprimes”, em que subprimes era descrito, de maneira simplista, como crédito de “alto risco”. Os subprimes incluíam desde empréstimos hipotecários até cartões de crédito e aluguel de carros, e eram concedidos a clientes, nos Estados Unidos, sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito.
Apenas para ilustrar o exemplo acima, um dos pilares para o problema da crise de 2008/2009, para muitos economistas, começou em 2001, com o furo da “bolha da Internet”. Esta argumentação está na atitude tomada pelo presidente do Banco Central Norte-Americano (FED – Board of Governors of the Federal Reserve System), Alan Greenspan, ao orientar os investimentos para o setor imobiliário, adotando uma política de taxas de juros muito baixas e de redução das despesas financeiras, induzindo os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis.
A partir do exemplo acima, perguntamos “qual a teoria que deveríamos conhecer para compreender a crise 2008/2009?” Certamente não é uma teoria, mais sim um conjunto delas associado a uma certa experiência no assunto abordado. Considerando os recém-formados em economia ou em administração, quais deles poderão explicar criticamente o assunto acima? Quais poderão fazer uma Reflexão Crítica? Com certeza serão muito poucos, pois lhes faltará uma visão holística a respeito do assunto, assim como “vivência”.
No ensino tradicional há uma tendência de que cada professor ministre suas disciplinas de forma isolada ou pontual, preocupando-se com o conteúdo estático, buscando avaliar sua competência apenas no assunto abordado, sem medir as outras disciplinas que estão inter-relacionadas. Há certamente o pré-requisito que é exigido pelas escolas para cursar uma disciplina, porém ela servirá apenas de base para o desenvolvimento da próxima e não como ferramenta de análise crítica para a mesma.
O instinto do aluno será esforçar-se para conseguir superar a avaliação (as chamadas “provas”), prosseguindo seu curso sem avaliação crítica e vivenciada da teoria exposta. Ao chegar ao mercado de trabalho, o ex-aluno, agora um profissional, terá dificuldades de conectar a série de teorias a ele expostas durante sua vida escolar e utilizá-las de forma eficiente no local onde está trabalhando. Portanto, para se fazer uma Reflexão Crítica, uma teoria não deve ficar circunscrita à sala de aula, mas extrapolar este ambiente fazendo o indivíduo vivenciá-la na prática.
A teoria, quando apresentada em uma sala de aula, é muitas vezes pouco efetiva, uma vez que sua aplicação está sujeita a condições específicas e particulares. Ela, com forma única de ensino, sempre estará restrita, impossibilitando saber como a mesma se comportaria quando submetida a cenários de incerteza e concorrência intensiva, por exemplo. No entanto, está imbuída de conceitos verdadeiros que são fontes do saber e do conhecimento. Ao associar a teoria com uma vivência, o aluno passa a perceber que uma decisão ou um problema faz parte de uma matriz de variáveis, estendendo-se muito além de uma única causa para geração de um fato.
O desafio, no entanto, está em como alinhar a teoria à prática.
A forma mais adequada e precisa é com o uso de Jogos de Negócios, pois ao vivenciar um cenário, ou um evento, o indivíduo passa a compreender quais foram as fontes de uma determinada circunstância, pois ele passa a investigar, na prática simulada, a origem da ocorrência. Esta investigação, apesar de empírica e realizada intuitivamente, permitirá ao indivíduo compreender que um fato é uma soma de causas.
Ao compreender a complexidade dos fatos, um profissional passará a entender com mais profundidade as origens deles, e, portanto, estará mais capacitado a realizar uma Reflexão Crítica.
Os Jogos de Negócios são mais do que um processo de ensino aprendizagem. Eles são uma ferramenta que capacita os profissionais a deixarem de ser executores e passarem a ser estrategistas, pois, apenas por meio da capacidade de realizar reflexão crítica, é possível enxergar além de uma simples camada.
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