Pilar de sustentação para as potências econômicas – concorrência na compra de caças
Ao compararmos os investimentos realizados pelo Brasil em suas Forças Armadas com todos os países do BRIC e com os Estados Unidos, perceberemos que o Brasil é o que menos investe, de acordo com quadro abaixo:
Qual a motivação que leva um país a investir em suas forças armadas, em vez de utilizar estes recursos para beneficiar diretamente sua população com infraestrutura, hospitais, escolas, etc?
Suponhamos que um país com baixa representatividade de seu PIB em relação aos mais ricos do mundo e com forças armadas pouco equipadas tenha algum conflito com um país membro da OTAN, o que aconteceria?
Em 2 de abril de 1982, a Argentina, para aumentar a legitimidade de seu governo militar e desviar a atenção da população dos cerca de 90% de inflação e a profunda recessão em que estava imersa, invadiu a Falkland Islands (Malvinas) buscando recuperar o arquipélago sob ocupação da Grã-Bretanha, país membro da OTAN. As Forças Armadas Argentinas tinham grande quantidade de aeronaves francesas, como o Mirage e o Super Etendard. No dia 9 de abril, a Grã-Bretanha obteve o apoio da Comunidade Econômica Europeia (hoje União Europeia), da OTAN, da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth) e da ONU. A Argentina, altamente dependente dos aviões Super Etandard e mísseis Exocet, ambos franceses, ficou incapacitada de obter mais mísseis devido ao apoio da França à Inglaterra. A Argentina, como não detinha o projeto do Super Etandart, não conseguiu integrar outros mísseis da mesma categoria com esta aeronave. Essa arma era vital para o país vencer a guerra, que ocorria eminentemente no mar, sendo o Exocet um míssil antinavio.
A França entrou no embargo realizado pela Comunidade Econômica Europeia contra a Argentina. A história ensina que a aquisição de materiais bélicos de países alinhados tem seu ônus, porém o que mais fragilizou a Argentina foi sua baixa representatividade como economia mundial e, principalmente, sua altíssima dependência de um único país, no que concerne à aquisição de armamento e aeronaves. Pode-se somar a isso um importantíssimo fato: a incapacidade dos argentinos de conhecer os projetos de seus equipamentos bélicos em profundidade, não sabendo integrar seus sistemas, impossibilitou o uso de mísseis provenientes de outras nações. A dependência excessiva pode levar à fragilização de uma nação e, consequentemente, à perda de sua soberania.
O Brasil está, neste momento, buscando novos caças para a sua Força Aérea – FAB – tendo uma oportunidade de alinhar-se aos seus pares do BRIC. Para isso, terá que investir no desenvolvimento de uma aeronave de quinta geração, utilizando tecnologia desenvolvida no Brasil associada a tecnologias provenientes de países não alinhados ou neutros. Com a ajuda da Suécia, o Brasil pode investir na produção de caças com tecnologia já pronta acelerando seu processo produtivo e se igualando aos outros países membros do BRIC. Alinhar-se à Suécia significa, na prática, associar-se a um país neutro. Desse modo, o Brasil garante sua independência militar e sua soberania.
É crucial que o país decida essa questão levando em conta, sobretudo, a certeza de, no futuro, continuar sendo um país independente e soberano.
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