Empreendedorismo e Inovação Mercado

Agronegócio + Capital Aberto = Calvário?

O jornal “Valor Econômico” publicou uma matéria no dia 25 de junho deste ano sobre “o calvário das empresas de capital aberto” no agronegócio. Precisamos ponderar se o termo utilizado foi de excessivo trato ou se está de acordo com o atual cenário do setor, inclusive de um dos setores mais dinâmicos e importantes da economia brasileira.

De forma figurativa o tema retrata bem a dificuldade das principais empresas, e calvário, que abarca um significado sombrio de “caveira”, é ainda pontuado para as empresas de capital aberto, ou seja, para aquelas empresas com mais estrutura e organização que foram obrigadas a atender regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), enfrentar diversos obstáculos para abertura de capital, e manter boletins periódicos acomodando da melhor maneira os noticiários correlatos à sua corporação. Agora, imagine para as empresas sem capital aberto, mesmo as maiores, que termo careceria de se utilizar para manifestá-las?

Em torno de 30% das empresas ainda têm muita dificuldade para investir no setor, e das 435 usinas, 78 estão entre R$ 70 e R$ 100 de dívidas por tonelada de cana moída, e 77 estão alavancadas necessitando de alguma capitação de recurso emergencial para continuar operando. Atualmente, foi divulgada uma estimativa pelo Itaú BBA, de que o setor tem cerca de R$ 42 bilhões em dívidas, e só para efeito de comparação, o estoque da DPF (dívida pública federal) aumentou esses 42 bilhões do mês de abril/12 para maio/12, isso se deu por conta da emissão de títulos e a alta do dólar que fizeram subir a Dívida Pública brasileira.

Dessas empresas alavancadas a dívida por tonelada de cana moída é superior a R$100. Entre as cinco piores, esse número chega a R$144,6. De forma mais clara, isso significaria que, para cada R$100 de faturamento, a empresa tem R$144 de empréstimos e financiamentos.

Agora “calvário” ficou leve. Para quem é especulador e ainda não leu “Axiomas de Zurique” (por Max Gunther), é melhor ler!

Das 13 empresas de agronegócios que entraram na onda do IPO entre 2005 e 2008 apenas 3 conseguiram apresentar valorização em suas ações (Cosan, São Martinho e a SLC Agrícola), já as outras 10 perderam valor no mercado: JBS, Marfrig, Minerva, Heringer, BrasilAgro, Guarani (Tereos), Renar Maças, Nutriplant, Brasil Ecodiesel (Vanguarda Agro) e Agrenco.

Antes de 2008 todos superestimavam números em suas expectativas, havia muitos investimentos, e crescimento em torno de 10% em numero de usinas de cana-de-açúcar todo ano. Mas, bater de frente com uma crise mundial onde os fortes investidores recuam e tentam se proteger, causa uma “seca” de recursos financeiros.

As experiências desses eventos causaram o “experimento”, as projeções andam mais próximas da realidade, precisamos novamente dos investidores, será que o “sertão vai virar mar” de novo?

Fonte:

O Estado de S. Paulo

Valor Econômico

http://www.udop.com.br/index.php?item=noticias&cod=1085992#nc

http://jornalcana.com.br/Anuario-Cana/HOME

http://www.portugaldigital.com.br/