Empreendedorismo e Inovação Geral Sustentabilidade

A Lei Do Lixo E A Responsabilidade Das Indústrias: O Caso Nettoage Uniformes Industriais

Em 03 de agosto (2010) , foi sancionada pelo Presidente Lula a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei do Lixo, ou política do berço ao berço) que tramitou no Congresso durante 20 anos e agora estabelece um novo cenário para os negócios.A nova legislação responsabiliza as empresas pelo recolhimento de produtos descartáveis, por meio da Logística Reversa, além da integração de municípios na gestão dos resíduos e a sociedade pela geração do lixo.

A Lei pode ser vista como um marco regulatório que revoluciona, em termos ambientais, a área de resíduos sólidos. Para a indústria a legislação provocará um novo comportamento diante da responsabilidade pelo recolhimento dos produtos desde a saída da fábrica, até após a sua utilização. Pretende-se, com isto, que menos eletroeletrônicos, lâmpadas fluorescentes, agrotóxicos, pilhas, pneus, isopores, plásticos, entre outros materiais, possam ter destinação ambiental correta. Para tanto, a Lei faz a distinção entre, o resíduo que pode ser reaproveitado ou reciclado e o rejeito que não é passível de reaproveitamento.

Mas, vamos saber um pouco mais a respeito do que é logística reversa: O que é logística reversa? Qual a relação entre, a logística reversa e a sustentabilidade? Quais os benefícios econômicos que a logística reversa pode trazer para uma empresa?

A logística reversa é um meio, ou uma forma, que uma empresa utiliza para trazer de volta para sua planta, todos os resíduos ou descartes de materiais provenientes de um produto oferecido por ela para o mercado. Trata-se do gerenciamento do fluxo reverso dos materiais, também conhecimento como “política do berço ao berço”.

Estes resíduos podem ser, desde a embalagem que envolve o produto, até o próprio produto quando o mesmo esta obsoleto.

Há uma análise fundamental a fazer: se considerarmos que o ciclo de vida dos produtos está reduzindo sistematicamente, a obsolescência pertinente a eles tende a aumentar tornando, o descarte do próprio produto, uma conseqüência imediata. Portanto, temos dois fatores a serem considerados a partir deste pontos.

1) O aumento da demanda do produto e o descarte do mesmos quando obsoletos;

2) A garantia de fornecimento de matéria prima, com extração da natureza para suprir o aumento de produção causado pela obsolescência.

Ao falarmos de descarte de produtos percebemos um aumento em progressão geométrica do lixo gerado pelo custo do ciclo de vida do produto, portanto, este processo equivale a um grande impacto na natureza. Conforme aumenta o consumo reduz-se a disponibilidade de insumos in natura para garantir a disponibilidade da inovação no mercado.

O papel da logística reversa está em reduzir o lixo, aumentar a disponibilidade de matéria prima, incentivar ativamente pesquisas e o desenvolvimento de produtos aliados à natureza.

A empresa pode ganhar com isto economicamente. Ao levarmos em conta a lei da oferta e da procura, a demanda de insumos in natura tende a crescer e, conseqüentemente, seu custo tende a crescer com a mesma proporção.

A implementação da logística reversa pode ter como desdobramento, a redução do risco da empresa ao enfrentar a pressão dos fornecedores de insumo, mantendo-se ativa em um mercado, cada vez mais potencializado por demandas por inovação.

Temos que levar em consideração que a industria de alumínio já utiliza intensamente deste processo, reutilizando cerca de 98% de todas as latas de alumínio descartadas, reduzindo o complexo e caro processo de extração de bauxita e transformando em alumínio.

Pensar na logística reversa é pensar em alavancar práticas e estratégias que possam gerar negócios mais sustentáveis, seja do ponto de vista social, financeiro e ambiental.

Casos que empresas que se adiantaram à Lei e estabeleceram a Política do Berço ao Berço em suas plantas.

Em recente visita ao Centro de Distribuição das Casas Bahia em Jundiaí pude presenciar as instalações e atividades que fazem parte do programa de Logística Reversa da Empresa, o recolhimento do material utilizado pelo consumidores é feito pela própria frota da empresa, que garante o manejo correto e a destinação do material recolhido. O recolhimento dos papelões, isopores, madeiras e plásticos utilizados nas embalagens, bem como os aparelhos eletroeletrônicos que foram utilizados pelos consumidores e descartados quando envelhecidos. Todos estes materiais são separados e destinados à reciclagem ou destinados a instituições que fazem o correto descarte dos materiais.

Este tipo de ação pode garantir para a empresas rendimentos, uma vez que, pode-se vender o material reciclado e reverter a quantia para atividades da empresa, ou mesmo, para programas sociais que a empresa mantém – fazendo com que a cadeia produtiva possa ser “lucrativa” até o seu final. (WWW.blog.nei.com.br)

O Caso Nettoage: reciclagem e venda de uniformes empresariais usados

A Nettoage Uniformes Profissionais possui boas práticas em reciclagem, a partir do seu negócio. A questão da sustentabilidade levou a empresa ao seguinte questionamento: O que uma empresa de uniformes poderia fazer para colaborar com a economia do Planeta? Para tanto, duas iniciativas foram tomadas: uma voltada para minimizar os problemas ambientais e outra voltada para a responsabilidade social.

O tempo de decomposição do tecido de algodão utilizado é em torno de1 a5 meses, no caso do tecido sintético ( exemplo Oxford) são necessários cerca de 10 anos. Mais de 90% das empresas utilizam “Oxford” como matéria prima na confecção de uniformes para seus colaboradores. A partir deste indicador, a Nettoage passou a reaproveitar e reciclar os tecido que iriam para o lixo, sendo este descarte organizado em duas formas:

1) Em relação a confecção dos uniformes e o descarte das sobras e aparas dos tecidos: Constatou-se que há uma media de 10% de perdas no mês de matéria-prima no decorrer do processo. Parte desse descarte (retalhos) é doado para detentas e idosas, que elaboram novos produtos utlizando a técnica do “patwork” em colchas, aventais, luvas de cozinhas, puxa-sacos, sendo estes produtos vendidos para terceiros.

2) Compra de uniformes usados dos clientes da empresa: a Nettoage compra os uniformes usados de seus clientes que são vendidos por um valor/kilo. De acordo com o contrato com o cliente podem ser adotadas duas posições: a) social – fazendo o reaproveitamento das peças para doação segura (eliminando logotipos, bordados, etc) e doados para instituições indicadas; b) ambiental – incinerando os uniformes usados, que são transformados em matéria-prima e utilizados como combustível na fabricação de cimento. Para isto, o transporte é feito em embalagens aprovadas pela ANVISA e todo percurso é monitorado. Os uniformes são fragmentados e misturados com outros sólidos e são novamente misturados a resíduos líquidos e transformados em material combustível, finalmente, este material é utilizado para geração de calor nos fornos e seu resíduo ainda serve como matéria-prima para a composição do cimento.

A partir desse procedimento, a empresa reeduca seus colaboradores em torno da sustentabilidade, preserva o meio ambienta, gera atividade econômica direta pela valorização, venda e processamento industrial dos produtos descartados e incentiva a valorização comunitária para o exercício da cidadania.

Coadunando com Arbache (2010) a Nettoage alia a estratégia de seu negócio às soluções de sustentabilidade, bem como, insere estas ações em sua missão e valores que são transmitidos por meio da cultura orgnaizacional e marketing empresarial dos clientes.

Saiba Mais: (http://www.nettoage.ind.br/)

Curiosidade: Tabela com o tempo de decomposição de materiais

Material Tempo de Degradação

Fonte: http://www.nettoage.ind.br/

Referências Bibliográficas

ARBACHE, Ana Paula. Projetos Sustentáveis: estudos e práticas brasileiras. Editora Editorama: São Paulo, 2010;

_____________. A Lei do Lixo e a responsabilidade das Industrias. http://www.Blog. Nei. Com.br. Acesso em 01 de setembro de 2010

INFRA FACILITY PROPERTY, Reciclagem e compra de uniformes usados. Ano 11, n.124, set 2010.

Ana Paula Arbache

Ana Paula Arbache

Pós-doutora em Educação pela PUC/SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology/MIT- Challenges of Leadership in Teams (2015), Leading Innovative Teams (2018). Docente dos cursos de MBA e Pós MBA da Fundação Getúlio Vargas. Orientadora e avaliadora de trabalhos de pós-graduação. Sócia Diretora da Arbache Innovtions, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Governança Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios. Pesquisadora e autora das obras: A Educação de Jovens e Adultos Numa Perspectiva Multicultural Crítica (2001), Projetos Sustentáveis Estudos e Práticas Brasileiras (2010), Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras II (2011), Sustentabilidade Empresarial no Brasil: Cenários e Projetos (2012), A crise e o impacto na carreira (2015), O RH Transformando a Gestão – Org. (2018). Certificação em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP. Curadora e Colunista do blog arbache.com/blog e Página Mundo Melhor de Empoderamento Feminino Arbache innovations. Fundadora do Coletivo HubMulheres. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.

1 Comentário

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  • Paula, achamos muito interessante o artigo, pois o assunto esta em evidencia e sera de extrema importancia para o desenvolvimento do nosso TCC. Obrigado mais uma vez.
    Mayda, Ana, Aguinaldo, Junior e Sergio.