Empreendedorismo e Inovação

A gangorra da inovação: surgimento, apogeu e queda de empresas de telefonia

É indiscutível que presenciamos o desenvolvimento e surgimento de novas empresas e tecnologias inovadoras o tempo inteiro. Entretanto, muitas sofrem e podem ter grandes perdas, justamente pelos ciclos de vida cada vez mais curtos da inovação.

Um bom exemplo da velocidade dos ciclos de inovação e dos desafios envolvidos na permanência no topo do mercado é o mercado de telefonia. Vamos agora analisar os principais acontecimentos do segmento nas últimas décadas.

Nokia: A primeira grande campeã

A Nokia nasceu em meados da década de 1860, como uma fábrica de polpa de madeira, navegou em diversos outros segmentos e atracou no mercado de produtos eletrônicos um século depois, por volta dos anos 1960.

Com o surgimento de novas tecnologias, a empresa cresceu e se desenvolveu, sendo pioneira na inovação e sempre expandindo a fronteira tecnológica do segmento. O sucesso levou a empresa ao topo do mercado de celulares, com valuation aproximado de US$ 140 bilhões e aproximadamente 50% do market share, em 2007.

Entretanto, o tempo é fatal, principalmente para quem não anda na mesma velocidade ou mais rápido que ele. Sem manter o ritmo de inovação que a levou a dominar o mercado, as quedas foram se sucedendo, e, em 2013, a Nokia era responsável pela “pequena” fatia de 3% do setor.

A reação lenta às mudanças fez a Nokia sucumbir. Sem condições de competir com as incríveis Apple e Samsung, a Microsoft anunciou a compra da empresa do “celular tijolão” em setembro de 2013, por € 5,4 bilhões.

Motorola: Ascensão e derrocada de outro grande player

A Motorola, que você certamente seria capaz de reconhecer de longe até hoje pelo inconfundível toque “Hello Moto”, nasceu em 1928. Foi uma das grandes rivais da Nokia, e, na década de 70, lançou o primeiro aparelho móvel voltado para o consumo em massa. 

Apesar de todo seu sucesso, a empresa é mais um caso de organização que inovou e ajudou a expandir os conhecimentos e tecnologias em seu segmento, mas não acompanhou os movimentos do mercado na década de 2010.

A Motorola chegou a ser dividida em duas empresas: a Motorola Solutions e a Motorola Mobility. A primeira produz rádios bidirecionais e sistemas de rádio público para socorristas e forças policiais, além de prover pacotes de softwares para centros de comandos, mapeamento e vigilância com drones, enquanto a segunda seguiu na produção de smartphones.

Então, em 2011, a Motorola Mobility foi vendida para a Google por US$12,5 bilhões e, em 2014, o CEO da Google, Larry Page, anunciou sua venda para a chinesa Lenovo, por cerca de U$ 3 bilhões.

Blackberry: A queridinha dos executivos

A Blackberry foi fundada na década de 90, com foco no mercado corporativo. Os seus aparelhos celulares ajudaram a mover as engrenagens da inovação no segmento e possuíam um sistema diferenciado para suas épocas.

Trazendo funções que os concorrentes não ofereciam, a empresa ajudou a pavimentar o caminho que levou o mundo à popularização dos smartphones que quase todos temos hoje. Entretanto, foi dando mostras, ano a ano, de que não conseguiria acompanhar o ritmo dos concorrentes, o que ficou claro em 2016, quando a BlackBerry anunciou que deixaria de fabricar seus próprios dispositivos.

iPhone e Galaxy: A inovação contínua

O iPhone foi lançado pela Apple em 2007, como o único smartphone a operar no sistema operacional criado da empresa, o iOS. Conhecido e consagrado pelo mercado mundialmente, o iPhone lança novos modelos anualmente e traz inovações recorrentes aos usuários, oferecendo novos serviços e integrações com os demais produtos do ecossistema da Apple e revolucionando a vida das pessoas no mundo digital.

A série de smartphones Galaxy, desenvolvida pela sul-coreana Samsung, é a grande rival da Apple. Utilizando o sistema operacional Android, que também é explorado por outras marcas, a Samsung oferece aparelhos super avançados, que desafiam as fronteiras tecnológicas junto com os últimos modelos de iPhone, e também aparelhos mais básicos, para atingir maior público. No Brasil, por exemplo, onde a carga tributária é abusiva e eleva consideravelmente o preço dos iPhones, essa é uma tacada de mestre da Samsung para ganhar market share.

Devido à sua capacidade de se adaptar e evoluir continuamente, a Apple e a Samsung disputam a liderança do mercado desde o início da era dos smartphones. Ambas as empresas estão atentas às necessidades dos consumidores e às novas tecnologias e, por isso, agem rápido para suprir todas as carências dos seus antigos modelos.

Adaptação contínua: isso as faz serem campeãs de vendas.