O relacionamento está associado à ligação afetiva, amizade ou ao envolvimento em comunidades. Nele, as pessoas possuem objetivos em comum – podem ser propósitos, ideais, pensamentos ou qualquer outro motivo para que elas se unam em torno dele.
Introdução
Os interesses podem ser subjetivos ou concretos. Como exemplo subjetivo, é possível citar um relacionamento afetivo, no qual os membros de um casal ou uma família se unem devido aos seus sentimentos em comum e ao prazer de estarem juntos.
Por outro lado, pessoas em um ambiente de trabalho possuem interesses de realizar algo mais concreto, como um projeto de um produto e/ou serviço, com o intuito de atingir determinadas metas da empresa onde trabalham. Todos os relacionamentos possuem algo em comum: a convivência, a comunicação entre os envolvidos e suas respectivas atitudes.
Muitas dessas ações podem ser recíprocas, porém, em muitos casos, isso pode não acontecer. Seja devido a interesses pessoais, sentimentos unilaterais ou qualquer outra condição que faça apenas uma das partes assumir as atitudes que alimentam a relação e torne a convivência entre os indivíduos difícil.
Como manter bons relacionamentos?
Para que exista um bom relacionamento para todos, é necessário que haja confiança mútua, empatia, respeito, comprometimento e harmonia entre as pessoas envolvidas. Todos precisam se dedicar e cada um fazer a sua parte. A dedicação não significa, necessariamente, que todos vão realizar as mesmas ações.
Em um relacionamento as pessoas buscam se completar, para que juntas alcancem um bem comum. Dizer que todos vão fazer exatamente a mesma coisa dentro da relação não é o ideal. Se os envolvidos são exatamente iguais, o propósito desse laço pode ser esvaziado. A divergência de visão ajuda as pessoas a enxergar a vida por um ângulo diferente e agrega valor ao que é produzido.
Para que isso aconteça, é essencial que haja respeito e aceitação das diferenças existentes entre os envolvidos. Quanto maior for a qualidade do relacionamento, maiores as chances das pessoas de obter bem-estar e uma melhor saúde mental.
De acordo com Robert J. Waldinger, psiquiatra americano e professor da Harvard Medical School, “a solidão mata e é tão forte quanto o vício em cigarros ou álcool”. Em uma pesquisa realizada com 268 estudantes de Harvard, Waldinger buscou compreender quais eram as relações existentes entre saúde física e mental e entre saúde e felicidade. Entre os participantes, estava o ex-presidente norte-americano, John F. Kennedy e o editor do Washington Post, Ben Bradley.
Os participantes foram acompanhados ao longo de praticamente oito décadas, o que resultou em um estudo chamado de “Harvard Study of Adult Development”. Atualmente, Waldinger é o diretor do programa, que gera uma das mais amplas pesquisas a respeito da felicidade humana de todos os tempos.
Ao longo dos anos, os pesquisadores inseriram no estudo os filhos dos participantes e, posteriormente, suas esposas. Assim, seria possível enriquecer a coleta dos dados, tendo como base parâmetros da mesma família.
No decorrer das décadas, os fracassos e sucessos dos participantes foram avaliados, além de seus registros médicos. A qualidade de seus casamentos também foi estudada e coletaram-se informações que interligam saúde física com as percepções e reações emocionais.
A fonte de felicidade
Uma das conclusões da pesquisa foi que “a felicidade sentida nos relacionamentos tem um poder incrível sobre a saúde”, afirmou Robert Waldinger. Relacionamentos saudáveis proporcionam maior bem-estar e saúde mental do que fama e dinheiro. Concluiu-se que a qualidade deles é a fonte de felicidade existente na vida.
Os laços saudáveis entre os indivíduos os protegem de frustrações, ajudam a retardar as doenças degenerativas físicas e mentais e aumentam a longevidade de suas vidas. As boas relações afetam mais do que a classe social e a inteligência cognitiva. Ela vai além: pode proporcionar mais saúde mental do que a própria genética.
Portanto, independentemente de como a pessoa tenha nascido, a felicidade é escolha de cada uma. Ela está associada aos relacionamentos construídos ao longo da vida. Ao longo dos anos, os pesquisadores analisaram inúmeros relatórios médicos, entrevistaram os participantes e seus parentes e encontraram uma forte correlação entre a vida desses indivíduos e seus laços com família, amigos e suas comunidades.
Descobriu-se que a satisfação presente no relacionamento quando os participantes tinham 50 anos foi mais importante para a saúde física do que os níveis de colesterol. Descobriu-se também que a taxa de colesterol não definia a longevidade dessas pessoas, que está associada ao contentamento que elas tinham em suas vidas.
As pessoas mais satisfeitas aos 50 anos eram as mais saudáveis aos 80. Além disso, descobriu-se que a felicidade no casamento e os laços sociais têm um poder imenso na saúde e na redução da degeneração mental, inclusive em amenizar dores físicas e emocionais ao longo da velhice.
Em sua obra “Ageing Well”, escrita com base na pesquisa de Harvard, o psiquiatra e psicanalista George Vaillant, líder da pesquisa entre 1972 e 2004, disse: “No começo do estudo, ninguém ligava para empatia e laços afetivos. Porém, foi descoberto que a chave para uma velhice saudável são os relacionamentos, os relacionamentos e os relacionamentos”.
Por fim, o estudo demonstrou que a genética e ter ancestrais longevos são muito menos importantes para conquistar uma vida longa e saudável do que os níveis de satisfação aos 50 anos. A felicidade nessa idade, atualmente, é reconhecida como fator preditivo para a qualidade de vida na velhice.
Além disso, foi desmistificado que pessoas que viveram “erroneamente” – em termos de saúde física dos 20 aos 25 anos – podem se tornar ótimos octogenários caso tenham bons relacionamentos ao longo da vida e corrijam todos os seus hábitos não saudáveis.
Conclusão
A qualidade de vida e o bem-estar estão diretamente associados a como se deseja viver, desde relações saudáveis no trabalho até com amizades e a comunidade.
Viver bem depende de cada um, de seus relacionamentos e da busca por receber e doar para quem está ao redor. A partir disso, é essencial cultivar laços saudáveis e construir uma vida feliz.
Veja mais em:
What makes a good life? Lessons from the longest study on happiness
Referência Bibliográfica
Harvard Study of Adult Development
Vaillant GE. Aging well: surprising guideposts to a happier life from the Landmark Harvard study of adult development. Boston: Little Brown, 2002.
Waldinger, R. J., & Schulz, M. S. (2010). Whats love got to do with it? Social functioning, perceived health, and daily happiness in married octogenarians. Psychology and Aging, 25(2), 422–431.
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
Lyubomirsky, S. (2001). Why are some people happier than others?: The role of cognitive and motivational processes in well-being. American Psychologist, 56, 239–249.
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